Dicionário Científico Neurodiverso

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Dicionário Científico Neurodiverso

O Dicionário Científico Neurodiverso reúne siglas, termos, expressões, conceitos, teorias e paradigmas da psiquiatria, psicologia, da pedagogia e do direito, os quais em maior ou menor medida dizem respeito à neurodiversidade humana. Projeto com atualização contínua iniciado num domingo, no dia 7 de janeiro de 2024. Referências completas ao fim da página. 👇🏽

AHSD é igual a AH/SD

Altas Habilidades ou Superdotação

ALFRED BINET

“[Psicólogo, pedagogo e sociólogo francês] fundador da testagem de inteligência” (Gardner, 1994, p. 149, tradução de Sandra Costa).

APRAXIAS

“[Apraxias dizem respeito a] um conjunto de transtornos relacionados, nos quais um indivíduo fisicamente capaz de desempenhar um conjunto de seqüências motoras e cognitivamente capaz de entender um pedido para fazer isto, não obstante é incapaz de realizá-las na ordem adequada ou de uma maneira adequada” (Gardner, 1994, p. 165, tradução de Sandra Costa).

APA

Abreviação de Associação Americana de Psiquiatria do original em inglês American Psychiatric Association (APA).

ASSINCRONIA

“Superdotação é um desenvolvimento assíncrono, onde habilidades cognitivas avançadas e intensidade elevada se combinam para criar experiências interiores e percepção que são qualitativamente diferentes da norma. Esta assincronia aumenta junto com a capacidade intelectual superior [leia-se faixas superiores de QI]. A singularidade dos superdotados os torna particularmente vulneráveis e requer modificações na parentalidade, ensino e aconselhamento para que eles consigam se desenvolver otimamente” (Columbus Group, 1991, conforme citado por Silverman, 1997, p. 38, tradução por Filipe Russo).

ATESTADO PSICOLÓGICO

Art. 10 Atestado psicólogo consiste em um documento [psicológico] que certifica, com fundamento em um diagnóstico psicológico, uma determinada situação, estado ou funcionamento psicológico, com a finalidade de afirmar as condições psicológicas de quem, por requerimento, o solicita.

§ 1.º O atestado presta-se também a comunicar o diagnóstico de condições mentais que incapacitem a pessoa atendida, com fins de:

I – Justificar faltas e impedimentos;

II – Justificar estar apto ou não para atividades específicas (manusear arma de fogo, dirigir veículo motorizado no trânsito, assumir cargo público ou privado, entre outros), após realização de um processo de avaliação psicológica, dentro do rigor técnico e ético que subscrevem a Resolução CFP n.º 09/2018 e a presente, ou outras que venham a alterá-las ou substituí-las;

III – Solicitar afastamento e/ou dispensa, subsidiada na afirmação atestada do fato.

§ 2.º Diferente da declaração, o atestado psicológico resulta de uma avaliação psicológica. É responsabilidade da(o) psicóloga(o) atestar somente o que foi verificado no processo de avaliação e que esteja dentro do âmbito de sua competência profissional.

§ 3.º A emissão de atestado deve estar fundamentada no registro documental, conforme dispõe a Resolução CFP n.º 01/2009 ou aquelas que venham a alterá-la ou substituí-la, não isentando a(o) psicóloga(o) de guardar os registros em seus arquivos profissionais, pelo prazo estipulado nesta resolução.

§ 4.º Os Conselhos Regionais podem, no prazo de até cinco anos, solicitar à(ao) psicóloga(o) a apresentação da fundamentação técnico-científica do atestado” (CFP, 2019, p. 11, grifos no original).

BEM-DOTADO

“[Pessoas bem-dotadas são] indivíduos com qualidades muito elevadas potencialmente, que dispõem de características de criatividade e originalidade fora do comum e um certo amadurecimento que os torna mais produtivos. […] Suas características mais acentuadas [….] são uma grande rapidez de compreensão e de aprendizagem, enorme capacidade crítica, exigência (eles não se conformam apenas em assimilar, querem entender profundamente) e acentuado hábito de leitura. [Dividem-se ainda em convergentes e divergentes]” (Antipoff, 1974a).

CANALIZAÇÃO

“A canalização refere-se à tendência de qualquer sistema orgânico (como o sistema nervoso) de seguir determinadas vias desenvolvimentais ao invés de outras” (C. H. Waddington, 1975, conforme citado por Gardner, 1994, p. 29, tradução de Sandra Costa).

CAPACITISMO

“Capacitismo é qualquer discurso ou ato xenofóbico que parte de características relativas à deficiência, doença ou condição diversa de desenvolvimento, com a finalidade de prescrever capacidades ou constranger alguém” (Russo & Ribas, 2023, p. 15).

CFP

Conselho Federal de Psicologia

COERÊNCIA CENTRAL

Coerência Central diz respeito a ser capaz de entender contextos e enxergar as situações de modo panorâmico, sem tender a focar demais em detalhes (APA, 2023, p. 169).

CONNOISSEUR

“[Quem] olha e aprecia a arte, capaz de fazer discriminações refinadas, reconhecer estilo e fazer avaliações” (Gardner, 1994, p. 154, tradução de Sandra Costa).

CRIANÇAS SUPERDOTADAS

“Crianças superdotadas e talentosas são aquelas identificadas por pessoas profissionalmente qualificadas e que, por virtude de suas habilidades salientes, são capazes de alto desempenho. Essas crianças que demandam programas e serviços educacionais diferenciados para além daqueles normalmente ofertados pelo programa escolar regular a fim de realizar suas potenciais contribuições para si e para a sociedade.

Crianças capazes de alto desempenho incluem aquelas com conquistas demonstradas e/ou habilidade potencial em qualquer uma das seguintes áreas:

  • habilidade intelectual geral [QI]
  • aptitude acadêmica específica
  • pensamento criativo ou produtivo
  • habilidade de liderança
  • artes visuais ou performáticas
  • habilidade psicomotora” (Marland, 1972, p. 10, conforme citado por Yewchuk & Lupart, 1993, p. 710, tradução de Filipe Russo).

CRP

Conselho Regional de Psicologia

DISCALCULIA

“[No contexto do Transtorno Específico de Aprendizagem com prejuízo na matemática (F81.2), discalculia] é um termo alternativo usado em referência a um padrão de dificuldades caracterizado por problemas no processamento de informações numéricas, aprendizagem de fatos aritméticos e realização de cálculos precisos ou fluentes. Se o termo discalculia for usado para especificar esse padrão particular de dificuldades matemáticas, é importante também especificar quaisquer dificuldades adicionais que estejam presentes, tais como dificuldades no raciocínio matemático ou na precisão na leitura de palavras” (APA, 2023, p. 189).

DISLEXIA

“[No contexto do Transtorno Específico de Aprendizagem com prejuízo na leitura (F81.0), dislexia] é um termo alternativo usado em referência a um padrão de dificuldades de aprendizagem caracterizado por problemas no reconhecimento preciso ou fluente de palavras, problemas de decodificação e dificuldades de ortografia. Se o termo dislexia for usado para especificar esse padrão particular de dificuldades, é importante também especificar quaisquer dificuldades adicionais que estejam presentes, tais como dificuldades na compreensão da leitura ou no raciocínio matemático” (APA, 2023, p. 189).

DISSINCRONIA

“Crianças superdotadas frequentemente sofrem uma falta de sincronicidade [dissincronia] nos ritmos de desenvolvimento do seu progresso intelectual, afetivo e motor, o que exerce um efeito em numerosos aspectos de suas vidas, e seus resultados por sua vez produzem ainda mais problemas psicológicos” (Terrassier, 1985, p. 265, conforme citado por Silverman, 1997, p. 44, tradução por Filipe Russo).

DECLARAÇÃO PSICOLÓGICA

Art. 9.º Declaração [psicológica] consiste em um documento [psicológico] escrito que tem por finalidade registrar, de forma objetiva e sucinta, informações sobre a prestação de serviço realizado ou em realização, abrangendo as seguinte informações:

I – Comparecimento da pessoa atendida e seu(sua) acompanhante;

II – Acompanhamento psicológico realizado ou em realização;

III – Informações sobre tempo de acompanhamento, dias e horários” (CFP, 2019, p. 9-10, grifos no original).

DOCUMENTOS PSICOLÓGICOS

“Constituem modalidades de documentos psicológicos:

I – Declaração;

II – Atestado Psicológico;

III – Relatório:

a) Psicológico;

b) Multiprofissional;

IV – Laudo Psicológico;

V – Parecer Psicológico” (CFP, 2019, p. 9).

DSM

Abreviação de Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais do original em inglês Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM).

EDUCAÇÃO ESPECIAL

“A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os serviços e recursos próprios desse atendimento e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilização nas turmas comuns do ensino regular” (Brasil, 2008, p. 16).

“Na perspectiva da educação inclusiva, a educação especial passa a constituir a proposta pedagógica da escola, definindo como seu público-alvo os alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Nestes casos e outros, que implicam em transtornos funcionais específicos, a educação especial atua de forma articulada com o ensino comum, orientando para o atendimento às necessidades educacionais especiais desses alunos” (Brasil, 2008, p. 15).

“Na educação superior, a transversalidade da educação especial se efetiva por meio de ações que promovam o acesso, a permanência e a participação dos alunos. Estas ações envolvem o planejamento e a organização de recursos e serviços para a promoção da acessibilidade arquitetônica, nas comunicações, nos sistemas de informação, nos materiais didáticos e pedagógicos, que devem ser disponibilizados nos processos seletivos e no desenvolvimento de todas as atividades que envolvem o ensino, a pesquisa e a extensão” (Brasil, 2008, p. 17).

ESTUDANTES COM AHSD

“[Estudantes com altas habilidades ou superdotação (AHSD)] demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Também apresentam elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse” (Brasil, 2008, p. 15).

ESTUDANTES COM TGD

“[Estudantes] com transtornos globais do desenvolvimento [(TGD)] são aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, síndromes do espectro do autismo e psicose infantil” (Brasil, 2008, p. 15)

EXCEPCIONAL

Excepcional — Define Helena Antipoff — é um termo que inclui os seguintes tipos: os mentalmente deficientes, todas as pessoas fisicamente prejudicadas, as emocionalmente prejudicadas, as emocionalmente desajustadas, bem como as superdotadas, enfim, todas as que requerem consideração especial no lar, na escola e na sociedade” (Antipoff, 1974b, grifos no original).

FENÓTIPO

“[Fenótipo diz respeito às] características observáveis do organismo conforme expressas dentro de um determinado ambiente” (Gardner, 1994, p. 26, tradução de Sandra Costa).

GENÓTIPO

“[Genótipo diz respeito à] estrutura do organismo determinada pelas contribuições genéticas de cada progenitor” (Gardner, 1994, p. 26, tradução de Sandra Costa).

IMAGINAÇÃO EIDÉTICA

“A capacidade fotográfica de reter no olho da mente a aparência de objetos uma vez vistos diretamente” (Gardner, 1994, p. 146, tradução de Sandra Costa).

INTELIGÊNCIA CORPORAL CINESTÉSICA

“[A inteligência corporal cinestésica diz à] capacidade de usar o próprio corpo de maneiras altamente diferenciadas e hábeis para propósitos expressivos assim como voltados a objetivos [e à] capacidade de trabalhar habilmente com objetos, tanto os que envolvem movimentos motores finos dos dedos e mãos quanto os que exploram movimentos motores grosseiros do corpo” (Gardner, 1994, p. 161, tradução de Sandra Costa, grifos no original).

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

“Nós definimos inteligência emocional como o subconjunto da inteligência social que envolve a habilidade de monitorar os sentimentos e emoções próprios e alheios, de distinguir entre eles e de usar essa informação para guiar seus pensamentos e ações” (Salovey & Mayer, 1990, p. 189, tradução de Filipe Russo, grifos no original).

INTELIGÊNCIA INTERPESSOAL

“A capacidade central aqui é a capacidade de observar e fazer distinções entre outros indivíduos e, em particular, entre seus humores, temperamentos, motivações e intenções. Examinada em sua forma mais elementar, a inteligência interpessoal acarreta a capacidade da criança pequena de discriminar entre os indivíduos ao seu redor e detectar seus vários humores. Numa forma avançada, o conhecimento [inter]pessoal permite que um adulto hábil leia as intenções e desejos — mesmo quando forem ocultados — de muitos outros indivíduos e, potencialmente aja em cima deste conhecimento — por exemplo, influenciando um grupo de indivíduos díspares a comportar-se ao longo de linhas desejadas” (Gardner, 1994, p. 185-186, tradução de Sandra Costa, grifos no original).

INTELIGÊNCIA INTRAPESSOAL

“A capacidade central em funcionamento aqui é o acesso à nossa própria vida sentimental — nossa gama de afetos e emoções: a capacidade de efetuar instantaneamente discriminações entre estes sentimentos e, enfim, rotulá-las, envolvê-las em códigos simbólicos, basear-se nelas como um meio de entender e orientar nosso comportamento. Em sua forma mais primitiva, a inteligência intrapessoal equivale a pouco mais do que a capacidade de distinguir um sentimento de prazer de um de dor e, com base nesta discriminação tornar-se mais envolvido ou retrair-se de uma situação. Em seu nível mais avançado, o conhecimento intrapessoal permite que detectemos e simbolizemos conjuntos de sentimentos altamente complexos e diferenciados” (Gardner, 1994, p. 185, tradução de Sandra Costa, grifos no original).

INTELIGÊNCIA MUSICAL

“As capacidades de indivíduos de discernir significado e importância em conjuntos de sons ritmicamente organizados e também de produzir tais seqüências de sons metricamente organizadas como um meio de comunicar-se com outros indivíduos” (Gardner, 1994, p. 76, tradução de Sandra Costa, grifos no original).

KNOW-HOW

“Conhecimento tácito sobre como executar algo” (G. Ryle, 1949, conforme citado por Gardner, 1994, p. 52, tradução de Sandra Costa).

KNOW-THAT

“Conhecimento proposicional sobre o conjunto real de procedimentos envolvidos na execução” (G. Ryle, 1949, conforme citado por Gardner, 1994, p. 52, tradução de Sandra Costa).

LAUDO [NEURO]PSICOLÓGICO

Art. 13 O laudo [neuro]psicológico é o resultado de um processo de avaliação [neuro]psicológica, com finalidade de subsidiar decisões relacionadas ao contexto em que surgiu a demanda. Apresenta informações técnicas e científicas dos fenômenos psicológicos, considerando os condicionantes históricos e sociais da pessoa, grupo ou instituição atendida.

I – O laudo psicológico é uma peça de natureza e valor técnico-científico. Deve conter narrativa detalhada e didática, com precisão e harmonia, tornando-se acessível e compreensível ao destinatário, em conformidade com os preceitos do Código de Ética Profissional do Psicólogo.

II – Deve ser construído com base no registro documental elaborado pela(o) psicóloga(o), em conformidade com a Resolução CFP n.º 01/2009, ou outras que venham a alterá-la ou substituí-la, e na interpretação e análise dos dados obtidos por meio de métodos, técnicas e procedimentos reconhecidos cientificamente para uso na prática profissional, conforme Resolução CFP n.º 09/2018 ou outras que venham a alterá-la ou substituí-la.

III – Deve considerar a demanda, os procedimentos e o raciocínio técnico-científico da profissional, fundamentado teórica e tecnicamente, bem como suas conclusões e recomendações, considerando a natureza dinâmica e não cristalizada do seu objeto de estudo.

IV – O laudo [neuro]psicológico deve apresentar os procedimentos e conclusões gerados pelo processo de avaliação [neuro]psicológica, limitando-se a fornecer as informações necessárias e relacionadas à demanda e relatar: o encaminhamento, as intervenções, o diagnóstico, o prognóstico, a hipótese diagnóstica, a evolução do caso, orientação e/ou sugestão de projeto terapêutico.

V – Nos casos em que a(o) psicóloga(o) atue em equipes multiprofissionais, e havendo solicitação de um documento decorrente da avaliação, o laudo psicológico ou informações decorrentes da avaliação psicológica poderão compor um documento único.

VI – Na hipótese do inciso anterior, é indispensável que a(o) psicóloga(o) registre informações necessárias ao cumprimento dos objetivos da atuação multiprofissional, resguardando o caráter do documento como registro e a forma de avaliação em equipe.

VII – Deve-se considerar o sigilo profissional na elaboração do laudo [neuro]psicológico em conjunto com equipe multiprofissional, conforme estabelece o Código de Ética Profissional do Psicólogo” (CFP, 2019, p. 23-24, grifos no original).

MOVIMENTO ESTEREOTIPADO

“Um movimento estereotipado é um comportamento motor repetitivo, aparentemente impulsivo, não funcional (p. ex., bater a cabeça, balançar o corpo, morder a si mesmo).” (APA, 2023, p. 437, grifos no original).

NEUROMITO

“[A palavra neuromito] foi primeiro cunhada durante a década de 80 quando o neurocirurgião Alan Crockard a utilizou para descrever um conceito errôneo sobre o funcionamento cerebral na disciplina de medicina (Howard-Jones, 2014; Fuentes & Risso, 2015). Numa abordagem educacional, um neuromito foi descrito enquanto “um equívoco gerado pelo mal entendimento, má leitura, ou citação errônea de fatos cientificamente estabelecidos (pela pesquisa sobre cérebros) para justificar o uso da pesquisa sobre cérebros na educação e em outros contextos” (OECD, 2002).” (Torrijos-Muelas, González-Víllora & Bodoque-Osma, 2021, p. 2, tradução por Filipe Russo).

NORMA

A norma estatística entende normal enquanto médio, desse modo renda média e inteligência média são normais.

A norma das ciências da vida entende normal enquanto saudável ou em bom funcionamento, desse modo um órgão saudável e um organismo saudável são normais, mas não necessariamente médios (Daniels & Piechowski, 2009, p. 5).

NÚCLEOS DE ATIVIDADE DAS ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO (NAAH/S)

“Em 2005, com a implantação dos Núcleos de Atividade das Altas Habilidades/Superdotação – NAAH/S em todos os estados e no Distrito Federal, são formados centros de referência para o atendimento educacional especializado aos alunos com altas habilidades/superdotação, a orientação às famílias e a formação continuada aos professores. Nacionalmente, são disseminados referenciais e orientações para organização da política de educação inclusiva nesta área, de forma a garantir esse atendimento aos alunos da rede pública de ensino” (Brasil, 2008, p. 10).

PARADIGMA DA CRIANÇA SUPERDOTADA

“[O Paradigma da Criança Superdotada postula a existência de] um grupo de crianças, que por sua constituição biológica, possuem habilidades de aprendizagem superiores e qualidades mentais, dignas de uma classificação distinta enquanto superdotadas.

Ala Teórica

Por que: Servir aos superdotados; qualidades de pensamento e liderança enquanto metas.

O que: Categoria exclusiva dos indivíduos; habilidade geral; excepcionalidade livre de contexto.

Ala Prática

Como: Classificação baseada em medidas psicométricas das qualidades mentais superiores.

Quem: A quem se destina o serviço de educação superdotada, e como nós podemos conhecer essas pessoas e suas necessidades” (Dai & Chen, 2014, p. 76, tradução de Filipe Russo, grifos meus).

PARADIGMA DA DIFERENCIAÇÃO

“O Paradigma da Diferenciação assume a natureza situacional das necessidades educacionais e competências manifestas ou interesses em uma disciplina ou domínio enquanto a base para adaptações educacionais. […] Valoriza uma correspondência íntima entre as necessidades de vários estudantes identificadas localmente e as provisões educacionais correspondentes, assumindo interações recíprocas constantes entre as características discentes únicas e o dinâmico ambiente de aprendizagem no processo de aprendizagem” (Dai & Chen, 2014, p. 228, tradução de Filipe Russo).

Ala Teórica

Por que: Foco diagnóstico; meta de responder/servir às necessidades individuais manifestas no interior da escolarização (principais disciplinas escolares).

O que: Suposição de individualidade; necessidades emergentes de diferenciação; a excepcionalidade depende do contexto.

Ala Prática

Como: Ritmo apropriado e intervenções baseadas na escola enquanto modelos de serviço.

Quem: Diagnóstico de forças e necessidades em um contexto educacional particular” (Dai & Chen, 2014, p. 227, tradução de Filipe Russo, grifos meus).

PARADIGMA DO DESENVOLVIMENTO DE TALENTOS

“O Paradigma do Desenvolvimento de Talentos parte das seguintes suposições, cada uma tendo implicações para os meios e fins da identificação: (a) a natureza em evolução e crescentemente diferenciada ou específica ao domínio do talento; (b) o papel significativo da motivação; (c) o papel crucial das oportunidades no seu próprio tempo e de experiências profundas no domínio; (c) trajetórias, caminhos e nichos diferenciais; e (e) apoio técnico e social a cada etapa do caminho” (Dai & Chen, 2014, p. 191, tradução de Filipe Russo).

Ala Teórica

Por que: Abastecimento de uma reserva de talentos para uma variedade de atividades humanas; contribuições criativas à sociedade; realização do potencial.

O que: Especificidade por domínio; em evolução e mutável; base psicossocial mais ampla para o seu desenvolvimento.

Ala Prática

Como: Enriquecimento e especialização para além do currículo escolar; experiências autênticas de domínio; mentoria.

Quem: Identificados formalmente para participar em um programa de desenvolvimento de talentos ou selecionados ou autosselecionados para seguir uma linha de trabalho” (Dai & Chen, 2014, p. 168, tradução de Filipe Russo, grifos meus).

PARAFILIA

“O termo parafilia representa qualquer interesse sexual intenso e persistente que não aquele voltado para a estimulação genital ou para carícias preliminares com parceiros humanos que consentem e apresentam fenótipo normal e maturidade física” (APA, 2023, p. 1005, grifo no original).

PARECER PSICOLÓGICO

Art. 14 O parecer psicológico é um pronunciamento por escrito, que tem como finalidade apresentar uma análise técnica, respondendo a uma questão-problema do campo psicológico ou a documentos psicológicos questionados.

I – O parecer psicológico visa a dirimir dúvidas de uma questão-problema ou documento psicológico que estão interferindo na decisão do solicitante, sendo, portanto, uma resposta a uma consulta.

II – A elaboração de parecer psicológico exige, da(o) psicóloga(o), conhecimento específico e competência no assunto.

III – O resultado do parecer psicológico pode ser indicativo ou conclusivo.

IV – O parecer psicológico não é um documento resultante do processo de avaliação psicológica ou de intervenção psicológica” (CFP, 2019, p. 28, grifos no original).

PESSOAS COM AHSD

“Pessoas com AH/SD são aquelas que precisam de uma diferenciação criadora, motivadora e inteligente nos currículos, nos planos de atendimento e nas organizações das atividades laborais, a fim de promover e garantir sua inclusão social. Dentre os benefícios de sua inclusão social estão a saúde e o bem-estar dessa população, assim como o recrutamento, o desenvolvimento e a retenção de talentos superdotados” (Russo & Ribas, 2023, p. 22).

QUOCIENTE EMOCIONAL ou INVENTÁRIO DE QUOCIENTE EMOCIONAL (EQ-i)

“[O inventário de Quociente Emocional (EQ-i, na sigla original em inglês)] é uma medida de autorrelato relativa ao comportamento emocional e socialmente competente que provê uma estimativa da inteligência social e emocional do indivíduo […] O EQ-i produz um resultado de QE total e os seguintes cinco resultados de escala composta sobre o QE, compreendendo quinze resultados de sub-escala: (1) QE Intrapessoal (compreendendo auto-estima, autoconsciência emocional, assertividade, independência, e auto-atualização), (2) QE Interpessoal (compreendendo empatia, responsabilidade social, e relacionamento interpessoal), (3) QE de Gestão do Estresse (compreendendo tolerância ao estresse e controle de impulsos), (4) QE de Adaptabilidade (compreendendo testagem da realidade, flexibilidade, e resolução de problemas), e (5) QE de Humor Geral (compreendendo otimismo e felicidade)” (Bar-on, 2000, p. 364-365, tradução de Filipe Russo). 

RELATÓRIO MULTIPROFISSIONAL

Art. 12 O relatório multiprofissional é resultante da atuação da(o) psicóloga(o) em contexto multiprofissional, podendo ser produzido em conjunto com profissionais de outras áreas, preservando-se a autonomia e a ética profissional dos envolvidos.

I – A(o) psicóloga(o) deve observar as mesmas características do relatório psicológico nos termos do artigo 11.

II – As informações para o cumprimento dos objetivos da atuação multiprofissional devem ser registradas no relatório, em conformidade com o que institui o Código de Ética Profissional do Psicólogo em relação ao sigilo” (CFP, 2019, p. 19, grifos no original).

RELATÓRIO PSICOLÓGICO

Art. 11 O relatório psicológico consiste em um documento [psicológico] que, por meio de uma exposição escrita, descritiva e circunstanciada, considera os condicionantes históricos e sociais da pessoa, grupo ou instituição atendida, podendo também ter caráter informativo. Visa a comunicar a atuação profissional da(o) psicóloga(o) em diferentes processos de trabalho já desenvolvidos ou em desenvolvimento, podendo gerar orientações, recomendações, encaminhamentos e intervenções pertinentes à situação descrita no documento, não tendo como finalidade produzir diagnóstico psicológico.

I – O relatório psicológico é uma peça de natureza e valor técnico-científico, devendo conter narrativa detalhada e didática, com precisão e harmonia. A linguagem utilizada deve ser acessível e compreensível à(ao) destinatária(o), respeitando os preceitos do Código de Ética Profissional do Psicólogo.

II – Deve ser construído com base no registro documental elaborado pela(o) psicóloga(o), em conformidade com a Resolução CFP n.º 01/2009 ou resoluções que venham a alterá-la ou substituí-la.

III – O relatório psicológico não corresponde à descrição literal das sessões, atendimento ou acolhimento realizado, salvo quando tal descrição se justifique tecnicamente. Este deve explicitar a demanda, os procedimentos e o raciocínio técnico-científico da(o) profissional, bem como suas conclusões e/ou recomendações” (CFP, 2019, p. 13-14, grifos no original).

SÍNDROME DO MUNDO INTENSO

“Nós propomos que esses microcircuitos super-carregados tornam alguns aspectos do mundo dolorosamente intensos e aversivos, e o autismo é portanto proposto enquanto uma Síndrome do Mundo Intenso. Nós apresentamos evidências moleculares, celulares, sinápticas, de circuito e comportamentais para apoiar esta nova hipótese e re-interpretar a sintomatologia e a patologia à luz da síndrome proposta, na qual o mundo é aversivamente intenso” (Markram, Rinaldi & Markram, 2007, p. 78, tradução de Filipe Russo, grifos no original).

SOBRE-EXCITABILIDADE

“Sobre-excitabilidade é uma tendência inata a responder de uma maneira intensificada a várias formas de estímulo, tanto externos quanto internos (Piechowski, 1979, 1999). Sobre-excitabilidade é uma tradução da palavra polonesa “nadpodbudliwość,” a qual significa literalmente “super-estimutabilidade.” (Deveria ter sido chamada superexcitabilidade.) Significa que pessoas podem precisar de menos estimulação para produzir uma resposta, assim como reações mais fortes e mais duradouras aos estímulos. Outra forma de vê-la é enquanto espirituoso—‘“mais intenso, sensitivo, perceptivo, persistente, energético” (Kurcinka, 1991).

Há cinco formas de sobre-excitabilidade na teoria de Dabrowski: psicomotora, sensual, intelectual, imaginativa, e emocional. Cada uma pode ter uma ampla faixa de expressões […]. As formas de sobre-excitabilidade parecem ser material bruto necessário —mas insuficiente— para o desenvolvimento avançado, multinível.

Sobre-excitabilidade significa que a vida é experienciada de uma maneira que é mais profunda, mais vívida, e mais agudamente sentida. Isto não significa apenas que se experiencia mais curiosidade, prazer sensorial, imaginação, e emoção, mas também que a experiência é de um tipo diferente, tendo uma qualidade mais complexa e mais ricamente textural” (Daniels & Piechowski, 2009, p. 8-9, tradução de Filipe Russo).

SOBRE-EXCITABILIDADE EMOCIONAL

“[Sobre-excitabilidade emocional diz respeito à] grande profundidade e intensidade de vida emocional expressa em uma ampla gama de sentimentos, grande felicidade à profunda tristeza ou desespero, compaixão, responsabilidade, auto-avaliação” (Daniels & Piechowski, 2009, p. 9, tradução de Filipe Russo).

SOBRE-EXCITABILIDADE IMAGINATIVA

“[Sobre-excitabilidade imaginativa diz respeito à] vivacidade do imaginário, riqueza de associação, facilidade por sonhos, fantasias e invenções, dotando brinquedos e outros objetos com personalidade (animismo), preferência pelo inusitado e único” (Daniels & Piechowski, 2009, p. 9, tradução de Filipe Russo).

SOBRE-EXCITABILIDADE INTELECTUAL

“[Sobre-excitabilidade intelectual diz respeito a] sede de conhecimento, descoberta, questionamento, amor pelas ideias e análises teóricas, busca pela verdade” (Daniels & Piechowski, 2009, p. 9, tradução de Filipe Russo).

SOBRE-EXCITABILIDADE PSICOMOTORA

“[Sobre-excitabilidade psicomotora diz respeito ao] movimento, inquietação, motivação, uma capacidade aumentada de ser ativo e enérgico” (Daniels & Piechowski, 2009, p. 9, tradução de Filipe Russo).

SOBRE-EXCITABILIDADE SENSUAL

“[Sobre-excitabilidade sensual diz respeito a um] maior refinamento e vivacidade da experiência sensual” (Daniels & Piechowski, 2009, p. 9, tradução de Filipe Russo).

SUB-RENDIMENTO NA SUPERDOTAÇÃO (GIFTED UNDERACHIEVER)

“Bricklin e Bricklin […] afirmam que se uma criança não está rendendo num nível compatível com sua habilidade intelectual, a criança está em sub-rendimento” (Bricklin and Bricklin, 1967, conforme citado Butler-Por, 1993, p. 650, tradução de Filipe Russo).

“Raph, Goldberg, e Passow […] definem a pessoa superdotada em sub-rendimento enquanto alguém que não apenas falha em render o nível acadêmico do qual é capaz, mas também frequentemente se encontra ficando para trás em relação aos níveis de rendimento de seus contemporâneos de habilidade média” (Raph, Goldberg, e Passow, 1966, conforme citado por Butler-Por, 1993, p. 650, tradução de Filipe Russo)

“Durr […] define a pessoa superdotada com sub-rendimento enquanto alguém que rende abaixo do seu potencial, onde potencial é definido em termos de QI e rendimento em termos de notas escolares ou testes de rendimento” (Durr, 1964, conforme citado por Butler-Por, 1993, p. 650, tradução de Filipe Russo).

TALENTISMO

“[Talentismo diz respeito ao] capacitismo orientado contra pessoas neurodivergentes, em especial pessoas com AH/SD, a partir de instrumentalizações xenofóbicas das concepções de talento“ (Russo & Ribas, 2023, p. 15).

TDA

Transtorno do Déficit de Atenção

TDAH

“A característica essencial do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade [(TDAH)] é um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento ou no desenvolvimento. A desatenção manifesta-se comportamentalmente no TDAH como divagação em tarefas, falta de persistência, dificuldade de manter o foco e desorganização, e não constitui consequência de desafio ou falta de compreensão. A hiperatividade refere-se a atividade motora excessiva quando não apropriada (como uma criança que corre por tudo), a remexer, batucar ou conversar em excesso. Nos adultos, a hiperatividade pode se manifestar como inquietude extrema ou desgaste dos outros com sua atividade. A impulsividade refere-se a ações precipitadas que ocorrem no momento, sem premeditação, e com elevado potencial para dano à pessoa (p. ex., atravessar uma rua sem olhar). A impulsividade pode ser reflexo de um desejo de recompensas imediatas ou de incapacidade de postergar a gratificação. Comportamentos impulsivos podem se manifestar com intromissão social (p. ex., interromper os outros em excesso) e/ou tomada de decisões importantes sem considerações acerca das consequências no longo prazo (p. ex., assumir um emprego sem informações adequadas).

O TDAH começa na infância. A exigência de que vários sintomas estejam presentes antes dos 12 anos de idade exprime a importância de uma apresentação clínica substancial durante a infância. Ao mesmo tempo, uma idade de início mais precoce não é especificada devido a dificuldades para se estabelecer retrospectivamente um início na infância. As lembranças dos adultos sobre sintomas na infância tendem a não ser confiáveis, sendo benéfico obter informações complementares. O TDAH não deve ser diagnosticado na ausência de qualquer um dos sintomas antes dos 12 anos de idade. Quando sintomas do que parece ser TDAH ocorrem apenas depois dos 13 anos, é mais provável que sejam explicados por outro transtorno mental ou representem os efeitos cognitivos do uso de substâncias.

Manifestações do transtorno devem estar presentes em mais de um ambiente (p. ex., em casa e na escola ou em casa e no trabalho). A confirmação de sintomas substanciais em vários ambientes não costuma ser feita com precisão sem uma consulta a informantes que tenham visto o indivíduo em tais ambientes. É comum os sintomas variarem conforme o contexto em um determinado ambiente. Sinais do transtorno podem ser mínimos ou ausentes quando o indivíduo está recebendo recompensas frequentes por comportamento apropriado, está sob estreita supervisão, está em uma situação nova, está envolvido em atividades especialmente interessantes, recebe estímulos externos consistentes (p. ex., por meio de telas eletrônicas) ou está interagindo em situações individualizadas (p. ex., em um consultório)” (APA, 2023, p. 179-180, grifos no original).

TEA

“O transtorno do espectro autista [(TEA)] é um novo transtorno do DSM-5 que engloba o transtorno autista (autismo), o transtorno de Asperger, o transtorno desintegrativo da infância, o transtorno de Rett e o transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação do DSM-IV. Ele é caracterizado por déficits em dois domínios centrais: 1) déficits na comunicação social e interação social e 2) padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesses e atividades” (APA, 2014, p. 853).
“As características essenciais do transtorno do espectro autista são prejuízo persistente na comunicação social recíproca e na interação social (Critério A) e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades (Critério B). Esses sintomas estão presentes desde o início da infância e limitam ou prejudicam o funcionamento diário (Critérios C e D). […] O transtorno do espectro autista engloba transtornos anteriormente referidos como autismo infantil precoce, autismo infantil, autismo de Kanner, autismo de alto funcionamento, autismo atípico, transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação, transtorno desintegrativo da infância e transtorno de Asperger” (APA, 2023, p. 166).

TEORIA DA MENTE

Teoria da Mente diz respeito à habilidade de ver o mundo na perspectiva de outras pessoas (APA, 2023, p. 169).

TEORIA DO MUNDO INTENSO

“A neuropatologia comum e experimentalmente baseada proposta pela Teoria do Mundo Intenso é hiper-funcionamento dos módulos cerebrais elementares, chamados de microcircuitos neurais locais, os quais são caracterizados por hiper-reatividade e hiper-plasticidade, as quais ambas parecem ser causadas por uma tendência de neurônios excitatórios em dominar seus vizinhos. Tais microcircuitos hiper-funcionais são propostos enquanto facilmente capazes de se tornarem autônomos, levando ao processamento de informação fugitivo, sobre-especialização em tarefas e uma síndrome de hiper-preferência. As consequências cognitivas centrais propostas são hiper-percepção, hiper-atenção, hiper-memória, funções mediadas pelo neocórtex, e hiper-emotividade, mediadas pela hiper-funcionalidade do sistema límbico. Essas quatro dimensões poderiam potencialmente explicar o espectro completo dos sintomas do autismo, dependendo da severidade da patologia de microcircuito em diferentes regiões cerebrais. O grau de hiper-funcionalidade em diferentes regiões cerebrais poderiam variar em cada criança dependendo de traços de personalidade genéticos, de condições epigenéticas únicas e da sequência única de experiências pós-natais” (Markram & Markram, 2010, p. 2, tradução de Filipe Russo, grifos no original).

TIQUE

“Um tique é um movimento motor ou vocalização súbito, rápido, recorrente e não rítmico (p. ex., piscar os olhos, pigarrear)” (APA, 2023, p. 437, grifo no original).

TPS

Transtorno do Processamento Sensorial

TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL (DEFICIÊNCIA INTELECTUAL)

“As características essenciais do transtorno do desenvolvimento intelectual (deficiência intelectual) incluem déficits em capacidades mentais gerais (Critério A) e prejuízo na função adaptativa diária na comparação com indivíduos com a mesma idade, gênero e aspectos socioculturais (Critério B). O início ocorre durante o período do desenvolvimento (Critério C). O diagnóstico de transtorno do desenvolvimento intelectual baseia-se tanto em avaliação clínica quanto em testes padronizados de funções intelectuais, testes padronizados neuropsicológicos e testes padronizados de funcionamento adaptativo.

O Critério A refere-se a funções intelectuais que envolvem raciocínio, solução de problemas, planejamento, pensamento abstrato, juízo, aprendizagem acompanhada de instrução e por meio da experiência e compreensão prática. Os componentes críticos incluem compreensão verbal, memória de trabalho, raciocínio perceptivo, raciocínio quantitativo, pensamento abstrato e eficiência cognitiva. O funcionamento intelectual é tipicamente mensurado com testes de inteligência abrangentes e adequados do ponto de vista psicométrico e cultural, aplicados de forma individual. Indivíduos com transtorno do desenvolvimento intelectual apresentam escores em torno de dois desvios-padrão ou mais abaixo da média populacional, incluindo uma margem de erro de medida (em geral, ± 5 pontos). Em testes com desvio-padrão de 15 e média de 100, isso significa um escore de 65-75 (70 ± 5). Treinamento e julgamento clínicos são necessários para a interpretação dos resultados dos testes e a avaliação do desempenho intelectual” (APA, 2023, p. 136).

TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE

“Um transtorno da personalidade é um padrão persistente de experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é difuso e inflexível, começa na adolescência ou no início da fase adulta, é estável ao longo do tempo e leva a sofrimento ou prejuízo” (2023, APA, p. 946).

TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO

“Os transtornos do neurodesenvolvimento são um grupo de condições com início no período do desenvolvimento. Os transtornos tipicamente se manifestam cedo no desenvolvimento, em geral antes de a criança ingressar na escola, sendo caracterizados por déficits no desenvolvimento ou diferenças nos processos cerebrais, o que acarreta prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional. Os déficits de desenvolvimento variam desde limitações muito específicas na aprendizagem ou no controle de funções executivas até prejuízos globais em habilidades sociais ou inteligência. Recentes abordagens dimensionais para medir sintomas demonstraram diferentes graus de gravidade, com frequência sem ligação clara com o desenvolvimento típico, para algo que antes se pensava ser categoricamente definido. Portanto, para o diagnóstico de um transtorno é necessária a presença tanto de sintomas quanto de funções prejudicadas” (APA, 2023, p. 132).

TRANSTORNO ESPECÍFICO DE APRENDIZAGEM

“O transtorno específico da aprendizagem é um transtorno do neurodesenvolvimento com uma origem biológica que é a base das anormalidades no nível cognitivo, as quais são associadas com as manifestações comportamentais. A origem biológica inclui uma interação de fatores genéticos, epigenéticos e ambientais que influenciam a capacidade do cérebro para perceber ou processar informações verbais ou não verbais com eficiência e exatidão” (APA, 2023, p. 190).

TRANSTORNOS MENTAIS

“Um transtorno mental é uma síndrome caracterizada por perturbação clinicamente significativa na cognição, na regulação emocional ou no comportamento de um indivíduo que reflete uma disfunção nos processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento subjacentes ao funcionamento mental. Transtornos mentais estão frequentemente associados a sofrimento ou incapacidade significativos que afetam atividades sociais, profissionais ou outras atividades importantes. Uma resposta esperada ou aprovada culturalmente a um estressor ou perda comum, como a morte de um ente querido, não constitui transtorno mental. Desvios sociais de comportamento (p. ex., de natureza política, religiosa ou sexual) e conflitos que são basicamente referentes ao indivíduo e à sociedade não são transtornos mentais a menos que o desvio ou conflito seja o resultado de uma disfunção no indivíduo, conforme descrito” (APA, 2023, p. 108, grifos no original).

TRÊS PARADIGMAS DAS ALTAS HABILIDADES OU SUPERDOTAÇÃO

“Desde quando Lewis Terman (1925) operacionalizou pessoas superdotadas enquanto o 1% do topo em testes de QI em sua pesquisa empírica, a abordagem categórica tem dominado a educação superdotada por quase todo século 20. A abordagem categórica assume um grupo identificável de crianças superdotadas enquanto uma categoria distinta de crianças que devem ser tratadas de modo diferente por causa do seu status superdotado. Nós chamamos essa tradição de Paradigma da Criança Superdotada. Movimentos recentes na educação superdotada refletem duas abordagens distintas. Uma consiste nas várias tentativas de se afastar da doutrina do QI para abraçar uma variedade de talentos e transcender as limitações da escolarização tradicional — uma tática que tenta dar a estudantes uma variedade de oportunidades para o desenvolvimento de seus talentos. Nós chamamos esse novo movimento no campo de Paradigma do Desenvolvimento de Talentos. O outro diz respeito às várias tentativas de individualizar a aprendizagem com intervenções baseadas no currículo para aprendentes avançados no interior dos currículos e recursos escolares. Nós chamamos essa nova abordagem de Paradigma da Diferenciação” (Dai & Chen, 2014, p. 55, tradução de Filipe Russo).

REFERÊNCIAS

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