10 Anos: Publicando ensaios, relatos e entrevistas da, para e sobre a comunidade neurodivergente

Gráfico de barras sobre o crescimento do acervo do blog Supereficiente Mental ao longo dos anos

Gráfico de barras sobre o crescimento do acervo do blog Supereficiente Mental ao longo dos anos

O blog Supereficiente Mental começou em 2013 com o propósito de socializar narrativas superdotadas de origem lusófona, de pessoas vivas e na forma de relatos pessoais e entrevistas. Até hoje ainda segue sua máxima de ser um lugar “onde o supereficiente mental e seus colegas de classe possam e queiram confraternizar, confabular e confluir” e com o passar do tempo, o projeto também se comprometeu em fortalecer a comunidade neurodivergente de modo geral, no movimento pelo respeito à neurodiversidade e na luta contra o capacitismo e a neuronormatividade.

O blog começa com apenas 9 publicações em 2013, já em 2015 publica 47 novos conteúdos, dentre ensaios, relatos pessoais e entrevistas, outro salto quantitativo ocorre em 2021 e 2022, com 44 e 51 novas publicações respectivamente. Hoje em dia o website conta com um total de mais de 180 postagens, todas epistemologica e tematicamente neurodivergentes.

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Altas Conversas Altas Habilidades: S2 E5 Dicas para Pessoas que Acabaram de Descobrir a Superdotação

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Direito: Nota Técnica nº 04 / 2014 / MEC / SECADI / DPEE

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

Diretoria de Políticas de Educação Especial

Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Anexo I, 4º andar, sala 412

CEP: 70047-900 – Brasília, Distrito Federal, Brasil

Fone: (61) 2022-7661/9081/9177 – Fax: (61) 2022-9297

NOTA TÉCNICA Nº 04 / 2014 / MEC / SECADI / DPEE

Data: 23 de janeiro de 2014.

Assunto: Orientação quanto a documentos comprobatórios de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação no Censo Escolar.

Em resposta ao Ofício nº 000139/CGCEB/DEED/INEP/MEC de 16 de janeiro de 2014, que solicita orientação técnica em relação aos documentos que podem ser encontrados na escola para que sirvam de declaração dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação no Censo Escolar, a Diretoria de Políticas de Educação Especial da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação apresenta as seguintes considerações:

A inclusão de pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação em escolas comuns de ensino regular ampara-se na Constituição Federal/88 que define em seu artigo 205 “a educação como direito de todos, dever do Estado e da família, com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”, garantindo, no art. 208, o direito ao “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência”. Ainda em seu artigo 209, a Constituição Federal estabelece que: “O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: I – cumprimento das normas gerais da educação nacional; II – autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público”.

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU 2006), promulgada no Brasil com status de Emenda Constitucional por meio do Decreto Legislativo nº. 186/2008 e Decreto Executivo n°6.949/2009, estabelece o compromisso dos Estados-Parte de assegurar às pessoas com deficiência um sistema educacional inclusivo em todos os níveis de ensino, em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, compatível com a meta de inclusão plena, com a adoção de medidas para garantir que as pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral sob alegação de deficiência e possam ter acesso ao ensino de qualidade em igualdade de condições com as demais pessoas na comunidade em que vivem.

Para efetivar o direito da pessoa com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, conforme marcos legais supracitados, faz-se necessária a definição, formulação e implementação de políticas públicas educacionais em atendimento às especificidades de tais estudantes. Por esta razão, o Educa Censo coleta informações sobre a condição física, sensorial e intelectual dos estudantes e professores, fundamentado no artigo 1 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – ONU/2006 e no artigo 5° do Decreto n°5296/2004. Com base nesta declaração, identifica-se o número de estudantes que necessitam de material didático em diversos formatos de acessibilidade, assim como, demais recursos de tecnologia assistiva, tais como: scanner com voz, impressora e máquina Braille, software de comunicação alternativa, sistema de frequência modulada, além de serviços de tradução e interpretação da Língua Brasileira de Sinais e do atendimento educacional especializado.

Segundo a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (MEC/2008), a Educação Especial constitui-se em modalidade transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, responsável pela organização e oferta dos recursos e serviços que promovam a acessibilidade, eliminando, assim, as barreiras que possam dificultar ou obstar o acesso, a participação e a aprendizagem.

Conforme disposto no Decreto N° 7. 611/2011:

“Art. 1º – O dever do Estado com a educação das pessoas público-alvo da educação especial será efetivado de acordo com as seguintes diretrizes:

I – garantia de um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades;

II – aprendizado ao longo de toda a vida;

III – não exclusão do sistema educacional geral sob alegação de deficiência;

IV – garantia de ensino fundamental gratuito e compulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais;

V – oferta de apoio necessário, no âmbito do sistema educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva educação;

VI – adoção de medidas de apoio individualizadas e efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena;

VII – oferta de educação especial preferencialmente na rede regular de ensino.

§ 1º – Para fins deste Decreto, considera-se público-alvo da educação especial as pessoas com deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades ou superdotação.

§ 2º – No caso dos estudantes surdos e com deficiência auditiva serão observadas as diretrizes e princípios dispostos no Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005.

Art. 2º – A educação especial deve garantir os serviços de apoio especializado voltado a eliminar as barreiras que possam obstruir o processo de escolarização de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.

§ 1º – Para fins deste Decreto, os serviços de que trata o caput serão denominados atendimento educacional especializado, compreendido como o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucional e continuamente, prestado das seguintes formas:

I – complementar à formação dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, como apoio permanente e limitado no tempo e na frequência dos estudantes às salas de recursos multifuncionais; ou

II – suplementar à formação de estudantes com altas habilidades/superdotação.

§ 2º – O atendimento educacional especializado deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família para garantir pleno acesso e participação dos estudantes, atender às necessidades específicas das pessoas público-alvo da educação especial, e ser realizado em articulação com as demais políticas públicas”.

Dessa forma, o atendimento educacional especializado – AEE visa promover acessibilidade, atendendo as necessidades educacionais específicas dos estudantes público alvo da educação especial, devendo a sua oferta constar no projeto Político pedagógico da escola, em todas as etapas e modalidades da educação básica, afim de que possa se efetivar o direito destes estudantes à educação.

Para realizar o AEE, cabe ao professor que atua nesta área, elaborar o Plano de Atendimento Educacional Especializado – Plano de AEE, documento comprobatório de que a escola, institucionalmente, reconhece a matricula do estudante público alvo da educação especial e assegura o atendimento de suas especificidades educacionais.

Neste liame não se pode considerar imprescindível a apresentação de laudo médico (diagnóstico clínico) por parte do aluno com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento ou altas habilidades/superdotação, uma vez que o AEE caracteriza-se por atendimento pedagógico e não clínico. Durante o estudo de caso, primeira etapa da elaboração do Plano de AEE, se for necessário, o professor do AEE, poderá articular-se com profissionais da área da saúde, tornando-se o laudo médico, neste caso, um documento anexo ao Plano de AEE. Por isso, não se trata de documento obrigatório, mas, complementar, quando a escola julgar necessário. O importante é que o direito das pessoas com deficiência à educação não poderá ser cerceado pela exigência de laudo médico.

A exigência de diagnóstico clínico dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação, para declará-lo, no Censo Escolar, público alvo da educação especial e, por conseguinte, garantir-lhes o atendimento de suas especificidades educacionais, denotaria imposição de barreiras ao seu acesso aos sistemas de ensino, configurando-se em discriminação e cerceamento de direito.

Dessa forma, a declaração dos estudantes público alvo da educação especial, no âmbito do Censo Escolar, deve alicerçar-se nas orientações contidas na Resolução CNE/CEB, nº 4/2009, que no seu artigo 4º, considera público-alvo do AEE:

I – Alunos com deficiência: aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial.

II – Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra especificação.

III – Alunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, liderança, psicomotora, artes e criatividade.

Já o art. 9º dessa Resolução prescreve a elaboração e execução do plano de AEE, atribuindo-o aos professores que atuam na sala de recursos multifuncionais ou centros de AEE, em articulação com os demais professores do ensino regular, com a participação das famílias e em interface com os demais serviços setoriais da saúde, da assistência social, entre outros, quando necessários.

Além disso, cabe à escola, fazer constar no Projeto Político Pedagógico, detalhamento sobre: “II – a matrícula de alunos no AEE; III – cronograma de atendimento aos alunos; VI – outros profissionais da educação e outros que atuem no apoio”, conforme art. 10. Aliado a isso cabe ao professor do AEE “organizar o tipo e o número de atendimentos aos alunos na sala de recursos multifuncionais” (art. 13, inc. III).

Tal detalhamento deverá ser individualizado, por meio do Plano de AEE, feito com base no estudo de caso.

Ressalte-se, por imperioso, que a elaboração desse estudo de caso, não está condicionada a existência de laudo médico do aluno, pois, é de cunho estritamente, educacional, a fim de que as estratégias pedagógicas e de acessibilidade possam ser adotadas pela escola, favorecendo as condições de participação e de aprendizagem.

Pelo exposto, a fim de assegurar o direito incondicional e inalienável das pessoas com deficiência à educação essa área técnica fica à disposição, para informações complementares que se fizerem necessárias.

Martinha Clarete Dutra dos Santos

Diretora de Políticas da Educação Especial

DPEE/SECADI/MEC

Referência

MEC. (2014). Nota Técnica Nº 04 / 2014 / MEC / SECADI / DPEE. Portal.mec.gov.br. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2014-pdf/15898-nott04-secadi-dpee-23012014>.

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TEA: 4 Subgrupos de Autismo

Fonte

Instagram.com/ofiliperusso

Referência

Buch, A. M.; Vértes, P. E.; Seidlitz, J.; Kim, S. H.; Grosenick, L. e Liston, C. (2023). Molecular and network-level mechanisms explaining individual differences in autism spectrum disorder. Nature Neuroscience, v. 26, p. 650-663. Disponível em https://doi.org/10.1038/s41593-023-01259-x.

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Escola Superdotada: Possibilidades de atividades escolares para alunos com altas habilidades ou superdotação

Possibilidades de atividades na escola para alunos com altas habilidades/superdotação
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Altas Conversas Altas Habilidades: S2 E4 Características da Superdotação na Vida Adulta

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Entrevista: Iana Lima

Iana Lima

Iana Lima

Supereficiente Mental: Ninguém nasce com consciência de sua própria superdotação, contextualize para nós a descoberta da sua.

Iana Lima: Eu comecei a querer investigar a superdotação quando, estudando sobre autismo, passei a me deparar com conteúdos também relacionados a isso, e fui me identificando. Aquela velha história: eu sabia que tinha mais facilidade que a média das pessoas no aprendizado e na execução de determinadas coisas, mas pensava que superdotado era quem estava na NASA construindo foguete, e esse título jamais se aplicaria a mim. Por isso também que eu quis começar a falar sobre superdotação em adição ao conteúdo que eu já vinha produzindo sobre autismo: para tirá-la de um pedestal, mostrar que ela pode fazer parte do nosso dia a dia, em diversas pessoas, sem sequer percebermos, e que não se trata apenas de ser inteligente, mas há toda uma consequência sensorial e emocional decorrente disso.

SM: Quais são suas áreas de alta habilidade?

Iana: Meu teste foi o WAIS-III e no meu laudo emitido pela neuropsicóloga consta que sou superdotada na área linguística. Não fiz ainda uma avaliação focada nas múltiplas inteligências, tenho apenas alguma noção das que tenho em maior ou menor intensidade, mas não posso afirmar nada quanto a elas até o momento.

SM: Como foi a sua avaliação formal de superdotação ou altas habilidades? Você considera que esse serviço profissional ainda é pouco acessível a boa parte da população brasileira?

Iana: Fui a uma neuropsicóloga porque precisava do laudo de TEA, já que a minha psiquiatra – que foi quem sugeriu que eu era autista – não aplicava o formulário diagnóstico e eu queria um laudo oficial, pois acho importante ter documentação comprovando a minha neurodivergência, já que tenho direitos legais como tal. Conversando com a neuro, falei sobre querer investigar também SD/AH, já que tinha me identificado com algumas características, então ela aplicou o WAIS-III e tivemos a confirmação. Quanto à acessibilidade do serviço, infelizmente ele ainda é muito exclusivo. Uma avaliação neuropsicológica não custa menos de mil reais (e me referindo às mais baratas, pois há lugares em que o preço varia a partir de dois ou três mil), o que é completamente fora da realidade da grande maioria das famílias brasileiras. Por outro lado, entendo que o neuropsicólogo tem um trabalho gigantesco ao fazer uma avaliação. No meu caso, foram aproximadamente dez encontros (alguns duraram mais de 1h), e o meu laudo tem 15 páginas repletas de tabelas, gráficos, pontuações de atividades ou questionários e um parecer da neuropsicóloga sobre o meu caso. A avaliação neuropsicológica se situa no mesmo limbo que a psicoterapia, a meu ver: é um serviço extremamente importante e trabalhoso, cujos profissionais têm todo o direito a uma justa remuneração, no entanto vivemos em uma desigualdade econômica que leva pessoas a se enfileirarem para receber doação de ossos para terem de que se alimentar – e não seriam essas mesmas pessoas provavelmente as mais necessitadas de acompanhamento psicológico?

SM: Como foi a sua aceleração escolar?

Iana: Eu não tenho uma memória clara de como foi porque eu era muito nova. Só sei o que a minha mãe me contou, que a professora pediu uma reunião com os meus pais para dizer que eu estava muito desmotivada nas aulas por já saber o que eles estavam ensinando, e lembro vagamente de ter mudado de turma no meio do ano… Lembro também que eu fazia atividade de casa “por diversão” e a professora reclamava que não era pra fazer sem ela pedir, porque quando chegasse a hora de fazer em sala, eu não teria o que fazer. Deve ter sido nessa mesma época, haha.

SM: Do que se trata as suas teses de mestrado e doutorado?

Iana: A minha dissertação de mestrado analisa a constituição da persona poética de um satirista romano do século II d.C., Juvenal. Segundo o conceito de ethos da Análise do Discurso de Dominique Maingueneau, eu descrevi as principais características do “eu lírico” das sátiras juvenalianas. Já na tese de doutorado, ainda em andamento, pretendo defender que o vitupério (falar mal das pessoas) realizado nos gêneros de sátira e epigrama da poesia romana de II a.C. a II d.C. têm base na invectiva (sinônimo de vitupério) presente no iambo grego, um gênero poético da Grécia Arcaica, e para isso usarei poemas dos satiristas Lucílio, Horácio, Pérsio e Juvenal, e dos epigramatistas Catulo e Marcial (mas vamos ver se esse corpus de análise se mantém ou se serei forçada pelo prazo a diminuir).

SM: Como você relaciona a dupla neurodivergência e a síndrome do impostor?

Iana: Ser duplamente neurodivergente é muito complexo, porque há aspectos da SD/AH que “abafam” características autistas e vice-versa, logo há momentos em que me pergunto se sou mesmo capacitada para me pronunciar em nome de autistas ou em nome de outros SD/AH, porque é como se eu não estivesse inteiramente em nenhum dos lados. A síndrome do impostor entra nessa interação: ter ciência da minha superdotação me assegura de que sou cognitivamente competente para diversas atividades, mas a minha dificuldade de socialização/funcionamento executivo advinda do autismo me faz duvidar. Então vivo sempre um embate interno, por me considerar ao mesmo tempo capaz e incapaz de diversas funções cotidianas ou comuns à idade adulta, e estou sempre à mercê dos feedbacks que recebo, porque como eu sei a minha dificuldade para realizar X ou Y, quando eu consigo, fico pensando que poderia ter sido melhor, o que me leva a nunca estar satisfeita ou plenamente confiante.

SM: Quais são os seus livros, filmes e músicas favoritos?

Iana: Como é impossível escolher só um e não quero extrapolar nas recomendações, decidi trazer três de cada. Sobre livros, posso citar “As vantagens de ser invisível” (1999), de Stephen Chbosky; “A morte de Ivan Ilitch” (1886), de Leon Tolstói, e “A desumanização” (2013), de Valter Hugo Mãe. Como filmes preferidos, cito “Senhor Ninguém” (2012), de Jaco Von Dormael; “O Raio Verde” (1986), de Éric Rohmer; e “Mulher Oceano” (2020), de Djin Sganzerla. Quanto às músicas, e acho que esta é a categoria mais difícil, vou enaltecer vozes femininas contemporâneas e elencar os discos: “Petals for Armor” (2020), da Hayley Williams; “Stuffed and Ready” (2019), da banda Cherry Glazerr; Stranger in the Alps (2017), da Phoebe Bridgers. Para estudar, gosto muito de ouvir “O Lago dos Cisnes” (1877), do Tchaikovsky.

SM: Não raro crises existenciais fazem parte da rotina superdotada ou neurodivergente desde a infância, como você encaixa esse intenso transbordamento no quebra-cabeça da sua vida?

Iana: Ele já me influenciou positiva e negativamente. Em períodos em que passo por intensas dificuldades, é excessivamente fácil me perguntar por que eu continuo aqui se eu posso simplesmente acabar com isso, já que nada significa nada no fim das contas. Por outro lado, e é nesse estado em que eu tenho me encontrado agora – finalmente! –, penso que se nada faz sentido, nada vale meu estresse e a minha preocupação tanto assim, já que estou a apenas algumas gerações de não ser nem sequer uma memória para os que ficam depois que eu me for. No dia a dia, de modo geral, a crise existencial me proporciona muitos devaneios: adoro vídeos e documentários sobre a natureza selvagem e acho fascinante pensar como deve ser a vida de um passarinho, ou de uma cobra, a partir da perspectiva deles; semelhantemente, em qualquer lugar repleto de pessoas, penso que cada uma delas tem uma vida tão complexa quanto a minha própria, e também elas consideram as próprias questões mais importantes que as alheias, como também eu considero as minhas; olho para objetos e vou pensando no material de que ele é feito, como aquele material foi moldado naquele objeto, quem fez aquele trabalho, quem extraiu aquela matéria-prima, de quem foi a ideia de transformar aquela matéria naquele objeto pela primeira vez, e por aí vai. É como se eu constantemente pensasse na profundeza de tudo.

SM: Você ou algum membro de sua família faz uso de algum acompanhamento psicológico? Em caso positivo fale como isso funciona para vocês.

Iana: No momento, eu tenho feito psicoterapia com uma psicóloga que é SD/AH e se especializou em atendimento de SD/AH. Tenho gostado muito de ser acompanhada a partir da minha neurodivergência, que, como comentei no meu relato, era a peça que faltava que fazia com que eu sentisse que algo estava faltando das outras vezes em que fiz psicoterapia.

SM: Algum lema motivacional?

Iana: Não é bem um lema, mas um pensamento a que sempre recorro quando estou em dúvida diante de fazer ou não alguma coisa é: “qual é o pior que pode acontecer?”, porque essa resposta geralmente abre espaço para a solução. Se, no pior dos cenários, acontece X e eu desde já percebo que posso fazer Y para lidar com esse resultado, então eu vou em frente independentemente do que a minha cabeça ansiosa e hipervigilante esteja querendo me dizer – porque ela geralmente quer me fazer desistir de tudo que não seja ficar sozinha dentro da minha casa.

SM: Você ou algum membro da sua família faz uso de algum acompanhamento psicopedagógico? Em caso positivo, fale como isso funciona para vocês.

Iana: Nesta reta final do Doutorado, tenho recebido acompanhamento para conseguir escrever a tese no curto tempo de que ainda disponho e para me organizar quanto a metas e prazos que façam isso ser possível. Esta foi a minha primeira experiência do tipo, e tem sido excelente.

SM: Algum recado pra galera?

Iana: Obrigada aos que me mandaram mensagens positivas após a leitura do meu relato, e obrigada a quem tiver lido até aqui! Fico feliz de finalmente pertencer de verdade a algum lugar e de encontrar tantas pessoas parecidas comigo ao longo deste caminho.

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Entrevista: Amanda de Oliveira

Amanda de Oliveira

Amanda de Oliveira

Supereficiente Mental: Ninguém nasce com consciência de sua própria superdotação, contextualize para nós a descoberta da sua.

Amanda de Oliveira: Quando meu filho entrou no ensino fundamental comecei a suspeitar que ele tinha tdah e comecei a estudar sobre neurodiversidade. Estava certa que todos em casa tínhamos TDAH e/ou TEA. Brincava com uma amiga que estávamos fazendo tese de pós doc em neurodivergencia visto que estávamos super comprometidas a entender o neurodesenvolvimento humano e como era difícil encontrar profissionais que nos guiassem a gente ia estudando por conta e trocando informação uma com a outra. Ela com a mesma motivação que a minha: diagnosticar/identificar os filhos. Descobriu que sua filha era AHSD e estava certa que eu também era, me convenceu a buscar minha avaliação com especialista nessa área. Aos 35 recebi a confirmação bem como a resposta pra muita coisa na minha vida.

SM: Quais são suas áreas de alta habilidade?

Amanda: Do tipo acadêmico/intelectual, nas área intrapessoal, naturalista e linguística principalmente.

SM: Como foi a sua avaliação formal de superdotação ou altas habilidades? Você considera que esse serviço profissional ainda é pouco acessível a boa parte da população brasileira?

Amanda: Por 2 meses tive encontros semanais com psicóloga especialista em AHSD. Não me parece acessível este serviço para a grande maioria da população tanto pelo valor, como pela dificuldade de encontrar profissionais qualificados.

SM: Como o sistema escolar não lhe serviu e de quais formas ele poderia ter lhe servido?

Amanda: Me parece insana a maneira que somos agrupados dentro do sistema escolar. Eu nunca me identifiquei com os pares e a socialização sempre foi sofrida. Eu não sou uma pessoa muito melancólica, então ao invés de me deprimir eu sentia raiva da maioria das crianças a minha volta. Achava eles bobos e de péssimo senso de maneira geral. Mas mesmo assim, me sentia pressionada a me encaixar num papel que já estava bem definido. Sinto que não fui estimulada como deveria academica e criativamente de maneira que foi mais um empecilho do que uma ferramenta na minha aprendizagem. Aprendi a estudar quando sai da escola. Não saberia nem como sugerir como poderia ter sido diferente, pois para mim a escola que conhecemos hoje é só mais uma instituição falida dentro do sistema que vivemos.

SM: Sobre o que se tratava o seu trabalho de conclusão de curso na graduação? O que lhe atraiu nesse tema?

Amanda: Ocorrência de pinipedes no estado em que moro. Pinipedia é um grupo de mamiferos marinhos que sempre me intrigou pois aparecem na região de forma erratica atualmente devido a ação antrópica. Eu sabia que queria trabalhar com eles então fui fazendo tudo que estava ao meu alcance nessa época para ir me especializando.

SM: O que é ser uma mãe e uma esposa superdotada?

Amanda: Não sei como responder essa pergunta.

SM: De quais formas você sofre uma dupla opressão por ser mulher e por ser mãe?

Amanda: O patriarcado é estruturante na nossa sociedade e o papel da mulher por si só já te transforma num alvo, ao se tornar mãe as expectativas duplicam automaticamente.

SM: Como é a vida de uma família atípica num mundo feito para típicos?

Amanda: Toda fora do padrao. Notoriamente quanto mais saímos dos padrões, mais qualidade de vida temos. Hoje temos o privilégio de viver bem.

SM: Você ou algum membro de sua família faz uso de algum acompanhamento psicológico? Em caso positivo fale como isso funciona para vocês.

Amanda: Eu e meu companheiro fazemos psicoterapia cognitivo comportamental eternamente. Nosso filho fez por um breve período, mas não pareceu ser tão efetivo naquele momento, porém, assim que cresça um pouco certamente retornará. Para nós adultos é essencial para entender nossas condições, bem como melhorar nossa comunicação. Eu sou AHSD e minha psico é TDAH, ele é TDAH e o psico dele é AHSD e isso foi uma grata surpresa.

SM: Algum lema motivacional?

Amanda: Não acredito em lemas e a palavra motivacional muito me incomoda devido ao sentido que ela é usada atualmente. Mas gosto muito e me identifico com a seguinte frase: em um mundo de concreto e ruído, quero ser de barro e silêncio.

SM: Você ou algum membro da sua família faz uso de algum acompanhamento psicopedagógico? Em caso positivo, fale como isso funciona para vocês.

Amanda: Não. Meu filho já fez, mas não vimos efetividade visto a limitação dos profissionais.

SM: Algum recado pra galera?

Amanda: Questione tudo, dogmas não servem para absolutamente nada. O que nos diferencia dos demais primatas é a nossa habilidade de comunicação, então busque ferramentas para melhorar a sua constante e eternamente.

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Relato Pessoal: Iana Lima

Iana Lima

Iana Lima

Meu nome é Iana (iana, não Lana!), tenho 28 anos e atualmente resido em Vitória/ES, onde vim fazer graduação em Letras e permaneci para dar continuidade aos estudos – no momento em que escrevo, estou no último semestre do meu Doutorado em Letras. A minha descoberta da superdotação anda de mãos dadas com o meu diagnóstico tardio de autismo, aos 27 anos, o que me caracteriza com o que se chama de Dupla Excepcionalidade (2E).

Desde criança estive a frente dos meus pares em faixa etária. Aprendi a ler sozinha, fui adiantada de série na escola segundo sugestão da professora aos meus pais – segundo ela, eu ficava entediada durante as aulas e forçava a aceleração do conteúdo, que eu já dominava –, e terminei o Ensino Médio com algumas medalhas de vitória em olimpíadas escolares de redação e soletração. Esse foi um período em que eu me culpava muito, por não me sentir merecedora de tantos louros, já que não me considerava suficientemente esforçada para tais conquistas. Meu EM foi em uma escola particular com diversas unidades em várias cidades, e na ocasião em que fui comunicada de que em um mês específico eu estava dispensada de pagar a mensalidade por ter ficado em 1º lugar geral na nota de redação, desabafei com a minha psicóloga que eu me sentia roubando o lugar de alguém que merecia aquilo mais do que eu. Creio que essa sensação de não merecimento pela falta de esforço seja um sentimento comum a muitos outros superdotados – e envolve muita solidão, já que ninguém vai acreditar que você esteja realmente desconfortável em ter sido o melhor em algo, afinal esse costuma ser o objetivo de muita gente. Inclusive, falar dessa forma das minhas próprias conquistas é desconfortável, pois parece simplesmente soberba, um vício aristotélico (rs), mas estar inserida hoje em comunidades AH/SD me permite trazer experiências do tipo como um exemplo, pois sei que há quem se identifique com o meu relato, como eu me identifico com tantos outros.

Iana Lima

Iana Lima

Eu percebo a AH/SD no meu dia a dia porque sempre quero aprender algo novo e compartilhar as descobertas que faço no caminho. Meus interesses sempre foram muito ligados à arte. Aprendi a tocar violão sozinha, sou uma autodidata em desenho, aquarela e cerâmica fria, faço crochê e bordado, escrevo poemas e sou uma voraz consumidora de literatura, cinema e música. Uma característica forte em mim quanto à aquisição de habilidades é a predileção pelo autodidatismo ao aprendizado formal com um tutor. Gosto também de tudo o que envolve aprendizado e ensino de línguas, o que faço profissionalmente, sendo professora de português, inglês e latim, e por hobby, tendo algum conhecimento de espanhol, francês, italiano e alemão. Como esses interesses acabam sendo também hiperfocos autísticos, por vezes eles parecem me devorar, e já virei noites acordada por estar engajada em alguma atividade relacionada a eles. Há momentos em que sinto quase que um desespero de querer desligar o meu cérebro e pensar em outra coisa, mas não conseguir.

A superdotação, em conjunto com o autismo, também afeta muito o meu emocional, que sempre percebi ser mais intenso e flutuante que o das pessoas mais próximas a mim – já cogitei ser borderline, tamanha a dor que o sentir me causou tantas vezes. Situações de injustiça me abalam muito e detesto hierarquias, pela subentendida tirania que permitem. No início da idade adulta, lembro de chorar no sofá de um psicólogo por me sentir impotente frente às desigualdades sociais no mundo, negligenciadas por quem teria condições de saná-las, o que não me incluía. Desde criança experimento crises existenciais que até hoje me acompanham e me trazem grande sofrimento, porque considero sufocante não saber a razão ou o propósito de existir (não tenho religião justamente porque nenhuma explicação me satisfaz), e me aterroriza que um dia minha consciência esteja permanentemente cessada – e tudo isso pareça aleatório e gratuito.

Hoje, sabendo de onde vem toda essa angústia, e ciente de que há uma explicação científica para que eu tenha tantos pensamentos e sentimentos na intensidade em que eles vêm, finalmente me aceito como sou. Me descobrir autista e superdotada foi um divisor de águas que virou a chave da minha autoestima, que por tanto tempo esteve ofuscada pela autodepreciação, e me proporcionou o autoconhecimento que uma vida inteira de psicoterapia jamais alcançaria – não sem a neurodivergência como a peça principal do quebra-cabeça. O autismo e a superdotação, portanto, passaram a integrar minha lista de interesses a ponto de eu hoje vislumbrar a possibilidade de, futuramente, estudar psicologia, para ajudar outros que vivam as mesmas aflições que conheço tão bem.

Só quem cresceu se sentindo um patinho feio, destacando-se acidentalmente e tendo grande dificuldade de encontrar outros semelhantes ao redor, entende a importância de encontrar uma comunidade de cisnes e se apropriar de um rótulo – este termo que tem um sentido pejorativo, mas que uso aqui com a melhor conotação possível – que é sinônimo de libertação e autoaceitação. Descobrir a minha dupla neurodivergência foi a melhor notícia que já recebi na vida, e hoje encaro como uma missão divulgar dentro do meu alcance, pelas minhas redes sociais, o que isso significa e como isso me afeta, na esperança de ajudar outras pessoas.

Informações para Contato

iana-cordeiro@hotmail.com

@iana___lima

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Entrevista: Cícero Moraes

Cícero Moraes

Cícero Moraes

Supereficiente Mental: Ninguém nasce com consciência de sua própria superdotação, contextualize para nós a descoberta da sua.

Cícero Moraes: Sempre achei que para alguém ser superdotado deveria necessariamente fazer contas super complexas de cabeça, bem como ser portador de uma memória excepcional, mas não é bem assim. No meu caso eu descobri que é muito mais sobre como sentimos e lidamos com o mundo do que prega a nossa atividade acadêmica.

SM: Quais são suas áreas de alta habilidade?

Cícero: Profissionalmente no campo da computação gráfica 3D, envolvendo a modelagem, desenvolvimento de software e tecnologias de planejamento cirúrgico para humanos e outros animais.

SM: Como foi a sua avaliação formal de superdotação ou altas habilidades? Você considera que esse serviço profissional ainda é pouco acessível a boa parte da população brasileira?

Cícero: No meu caso correu tudo bem, pois a Dra. Daiane Azevedo conduziu os testes com grande maestria, respeitando a minha sobre-excitabilidade. É um fato que, além de termos poucos profissionais atuando no campo das AH/SD, os valores são proibitivos para parte significativa da população.

SM: O que é ser um esposo superdotado?

Cícero: É ser alguém que respeita a parceira em todos os sentidos, que a incentiva a ser ela mesma, que fomenta o seu desenvolvimento profissional, que é extremamente empático e entregue a uma vida a dois, regada por cuidado, respeito e amor.

SM: Qual o significado que você dá para o suicídio? E de que formas podemos enfrentar essa questão numa dimensão política e social?

Cícero: É uma ação que traz muito sofrimento para quem fica, no meu caso eu era muito novo quando meu pai faleceu, não tinha maturidade para entender, mas ao longo da vida percebi a tristeza que o ocorrido causou aos parentes e amigos. Sempre é importante buscar ajuda, principalmente de um profissional de saúde mental, para evitar tamanho sofrimento.

SM: Qual o seu nível de instrução formal? Você pretende continuar investimento no tripé ensino, pesquisa e extensão?

Cícero: Sou formado em Marketing por uma universidade EaD (Uninter). Sim, essa realidade é algo bem presente na vida daqueles que se dedicam à saúde humana e veterinária.

SM: O autodidatismo exerce um impacto e uma importância na sua vida. De quais formas a educação e a ciência poderiam celebrar os talentos autodidatas ao invés de embotá-los?

Cícero: De uma forma bem objetiva, tornando o processo de publicação menos burocrático e focando no assunto e sua importância, não nas instituições as quais os indivíduos pertencem.

SM: Você edita a sua própria revista científica, a OrtogOnLineMag. Elabore sobre as demandas de inovação em termos de política e metodologia que lhe levou ao desenvolvimento desta revista.

Cícero: Justamente a burocracia geral das publicações científicas. Foi uma forma que encontrei de permitir aos meus alunos e demais interessados, publicarem artigos sobre os seus trabalhos/linha de pesquisa, de uma forma mais prática, sem descuidar, evidentemente, dos aspectos éticos.

SM: Você ou algum membro de sua família faz uso de algum acompanhamento psicológico? Em caso positivo fale como isso funciona para vocês.

Cícero: Sim, tecnicamente todas as pessoas tem uma ou outra questão para cuidar. Ao se buscar um profissional da saúde mental, encontramos uma forma de falarmos dos nossos problemas e assim, curiosamente, ter um diálogo pessoal e produtivo, para, se não resolver, ao menos saber conviver com as nossas peculiaridades.

SM: Algum lema motivacional?

Cícero: Descanse, descansar é parte importante do trabalho.

SM: Você ou algum membro da sua família faz uso de algum acompanhamento psicopedagógico? Em caso positivo, fale como isso funciona para vocês.

Cícero: Não.

SM: Algum recado pra galera?

Cícero: Para aqueles que, como eu, vivem sob o signo da sobre-excitabilidade, sigam o meu lema motivacional supracitado, parece incoerente para aqueles que gostam de produzir, mas até um carro de Fórmula 1 precisa parar na corrida, para recarregar o combustível e recuperar a sua potência total.

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