
Tassiana Livi
Supereficiente Mental: Ninguém nasce com consciência de sua própria superdotação, contextualize para nós a descoberta da sua.
Tassiana Livi: Foi um processo de descoberta mas a partir da descoberta do meu filho. Me via nele e fui atrás de identificar a minha. Depois da confirmação houve um tempo de pensar: “hummm então agora as coisas finalmente fazem sentido.”
SM: Quais são suas áreas de alta habilidade?
Tassiana: Sou multipotencial. Áreas de liderança, artística, construtiva, criativa, corporal-cinestésica, intrapessoal, interpessoal e naturalística.
SM: Como foi a sua avaliação formal de superdotação ou altas habilidades? Você considera que esse serviço profissional ainda é pouco acessível a boa parte da população brasileira?
Tassiana: Foi tranquilo. Acho que ainda carecemos de profissionais habilitados para a identificação completa mas ela é de suma importância para um desenvolvimento psicológico saudável. E quanto mais cedo for feita esta identificação melhor é para o indivíduo.
SM: O que é ser uma esposa superdotada?
Tassiana: É como estar em todos os lugares ao mesmo tempo. É quase ser onisciente hehehe e nunca parar de ler e estudar.
SM: Quais os desafios e as delícias na identificação e acompanhamento da comunidade superdotada?
Tassiana: Os benefícios estão no campo pessoal. Dar sentido a si mesmo e compreender que nada foi por acaso. Os desafios são educar nossos filhos principalmente se eles também são neurodivergentes.
SM: Como o ambiente escolar produziu sofrimento no seu filho sd?
Tassiana: Pela falta de conhecimento. Um aluno SD tem uma demanda diferente, reações diferentes e expectativas diferentes. A intensidade de cada um é vista no ambiente escolar como desregramento de comportamento. Completamente desnecessário quando se sabe que esta criança é SD.
SM: Como você considera o mercado de trabalho para pessoas com AH/SD?
Tassiana: Muito promissor! Já vemos algumas iniciativas bem concretas nessa área. Para o superdotado é tranquilo.
SM: O que é ser uma mãe superdotada com um filho superdotado?
Tassiana: Esta é a parte mais fácil. Fácil porque vc entende certos funcionamentos, e quando vc não tem uma expectativa irreal sobre a educação do teu filho fica mais leve. Acaba criando um vínculo profundo e forte com teu filho. Uma espécie de: “ok, eu também agiria assim e está tudo bem”.
SM: Você ou algum membro de sua família faz uso de algum acompanhamento psicológico? Em caso positivo fale como isso funciona para vocês.
Tassiana: Não.
SM: Algum lema motivacional?
Tassiana: Meu filho disse sentir orgulho de mim porque descobri que “com pedras construí meu castelo” e que “pontapé joga a gente para frente”. E é exatamente isso que ensino para ele. A vida não bate com carinho, podemos ter um tempo de luto, mas depois sacudir a poeira e levantar a cabeça porque eu até posso cair mas quando eu me levantar… corre.
SM: Você ou algum membro da sua família faz uso de algum acompanhamento psicopedagógico? Em caso positivo, fale como isso funciona para vocês.
Tassiana: Sim eu mesma faço com meu filho. Sou neuropsicopedagoga. Funciona muito bem porque somos muito parecidos. Suplemento aquilo que falta na escola com atividades do interesse dele a fim de promover a capacidade criativa, construtiva e cognitiva dele.
SM: Algum recado pra galera?
Tassiana: Não deixar a identificação para a adultez. Crianças SDs sofrem muito com as adversidades da vida porque encaram de maneira mais intensa os problemas e acabam levando para a vida adulta crises emocionais e situações psicológicas já cristalizadas que poderiam ter sido facilmente evitadas.