Opinião Especialista: Robert Sternberg e Don Ambrose criticam a Mensa

Capa do livro Conceptions of Giftedness and Talent

Capa do livro Conceptions of Giftedness and Talent

Existe hoje uma variedade de sociedades para pessoas com alto quociente intelectual (QI), a mais notória sendo provavelmente a Mensa. Tais sociedades podem servir a uma função útil de reunir pessoas que se vêem como tendo algo em comum. Mas a sociedade também indica outra coisa: Quantas pessoas adultas, superdotadas e altamente realizadoras apontam a filiação com a Mensa enquanto uma de suas conquistas distintivas, ou de fato, sequer uma conquista? Quantas pessoas adultas, superdotadas e realizadoras sequer a tentam, dado que suas conquistas falam sobre seus talentos mais do que qualquer filiação a uma sociedade específica?

Um problema com a nossa construção social da superdotação por muito tempo tem sido a lacuna entre o que parece que nós entendemos por ‘superdotação’ no campo científico da pesquisa em AH/SD e o que a sociedade entende por ‘superdotação’ em termos das contribuições que nós procuramos em adultos superdotados. Aqueles que desempenham altas notas em testes de QI podem ser admitidos em sociedades de alto QI, mas eles não são aqueles que, por virtude de seu QI ou filiação societária, mudam o mundo da forma como grandes líderes, artistas, escritores, compositores, e outros profissionais o fazem. Se nós não reconciliarmos essas duas definições, nós podemos nos deparar com uma sociedade que não leva completamente a sério nosso trabalho, porque ela não acreditaria que as crianças que nós identificamos são aquelas que farão mudanças profundas e significativas no mundo (Sternberg & Ambrose, 2021, p. 516-517, tradução minha).

Referência

Sternberg, R. J. & Ambrose, D. (2021). Uniform Points of Agreement in Diverse Viewpoints on Giftedness and Talent. Em R. J. Sternberg e D. Ambrose (orgs.), Conceptions of Giftedness and Talent. Palgrave Macmillan. https://doi.org/10.1007/978-3-030-56869-6.

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About Filipe Albuquerque Ito Russo

Filipe Russo é indígena agênere de Manaós, vivendo atualmente em Piratininga, autore dos romances premiados Caro Jovem Adulto (2022; 2012) e Asfixia (2014), assim como vencedore do concurso artístico O Olhar em Tempos de Quarentena (2020) e de prêmios de excelência acadêmica em Inteligência Artificial, Psicologia, Gamificação, Empatia e Computação Afetiva (2021). Revisore no periódico científico Revista Neurodiversidade. Especialista em computação aplicada à educação pelo ICMC-USP (2022), licenciade em matemática pelo IME-USP (2020). Fundadore e editore do website SupereficienteMental.com (2013-), blog com mais de 200 publicações, dentre relatos pessoais, ensaios e entrevistas, sobre neurodiversidade e superdotação ou altas habilidades. Pesquisadore em diversos grupos de pesquisa ao longo dos anos, atualmente atua no Círculo Vigotskiano, no Corpo de Ações Transformadoras: Abordando Realidades Sociais pela Educação (CATARSE) associado à UnDF e no TransObjeto à PUC-SP. Coautore nas antologias poéticas "43 Poetas Neurodivergentes", "ECO(AR): Poemas pela Sustentabilidade", "Instagramável: poesia visual, concreta e instapoema", "Poesia Política: vote", "Outros 500: Não queremos mais o quinhentismo", "poETes: Altas Habilidades com Poesia", "1001 Poetas", "Fotoescritos do Confinamento" e recebeu menção honrosa pelo ensaio Desígnio de um corpo, na 4ª edição do projeto Tem Livro Bolando na Mesa. Filipe possui aperfeiçoamento em Altas Habilidades ou Superdotação: Identificação e Atendimento Educacional Especializado pela UFPel e em Serviço de Atendimento Educacional Especializado pela UFSM (2022).
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1 Response to Opinião Especialista: Robert Sternberg e Don Ambrose criticam a Mensa

  1. Avatar de Filipe Albuquerque Ito Russo Filipe Russo disse:

    O teste de Quociente Intelectual (QI) em particular e a psicometria em geral podem não estar obsoletos como um todo, mas de certeza o teste de QI enquanto critério único, exclusivo e prioritário para a determinação das altas habilidades ou superdotação (AHSD) sim, está obsoleto.

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