O portador de altas habilidades, habilidades as quais não podem ser adquiridas por esforço pessoal, apresenta dois grandes Super Poderes: a SuperSensibilidade e a SuperInteligência.
No primeiro ensaio da série falei das SuperSensações e agora falarei dos SuperPensamentos. Mas primeiro se faz necessário corrigir conceitos errôneos que ao longo do tempo se incorporaram à opinião pública do que se trata ser um superdotado, pois bem, neste ensaio assim como no blog em geral apresentamos o dado conceito: superdotação diz respeito a uma pessoa que possui uma habilidade intransferível e inatribuível, geralmente inteligência, acima da média; já gênio significa alguém com habilidade intelectual, criatividade e/ou originalidade excepcionais, tipicamente associadas a um feito de relevância substancial; ou seja, queira fazer o favor de não utilizar ambos os termos de forma intercambiável ou substitutiva, pois cada um se refere a uma classe neurodiversa distinta, onde o gênio pode ou não conter o superdotado, porém jamais o contrário.
Voltemos pois ao super de SuperInteligência que espontaneamente produz SuperPensamentos, agora o que estes então seriam? Memória eidética ou fotográfica, metacognição, raciocínio sintético, intuição intermitente, análise à exaustão, etc. Os SuperPensamentos, em sua grande maioria, se manifestam de modo acadêmico na facilidade excepcional de assimilar e manipular conteúdo didático ou informação bruta, entretando não se limitam a demonstrações vulgares e podem culminar em arte, ciência e comportamento inovadores. A própria criatividade pode ser considerada um SuperPensamento de caráter sintético e produtivo, ou seja, todo grande pintor, escultor, músico ou matemática criou a obra de sua vida, sendo ou não superdotado, em um surto ou vários surtos de SuperPensamentos caracterizados pelo hiperfoco recursivo que se retroalimenta até não restar mais energia física e psíquica alguma para consumir.
A SuperInteligência promove uma certa predisposição ao sucesso escolar e acadêmico, não tanto profissional, pois aí as hierarquias são mais valorizadas do que as qualidades intelectuais. Este SuperPoder infelizmente vem com suas comorbidades associadas também, seja num hiperfoco indesejado, um complexo de superior e inferior, um overthink enlouquecedor, um shutdown, meltdown ou burnout, também pode-se desenvolver paranóia, perfeccionismo com prejuízo funcional ou a simples intolerância alheia que frente ao desconhecido não pensa duas vezes antes de repudiá-lo: ninguém gosta de um sabichão, o neurodiverso é logo estigmatizado com termos ainda mais chulos porque seus vizinhos cedem facilmente à pequenez a mais humana e neurotípica.
Por favor, não ameace incinerar mais nenhum Galileu, muito menos sabotar com castração química um herói de guerra e academia como Alan Turing. Vos escrevo tal ensaio graças às contribuições deste último que com seu jogo da imitação nos guiou até o desenvolvimento dos computadores atuais. Precisamos com urgência de um Dia Internacional da Neurodivergência, afinal não custa sonhar…