Sou Antonio Áthyllas Lopes de Oliveira, tenho 33 anos, resido no interior do Ceará. De aluno-destaque na escola e elogiado no convívio social, à medida que o tempo foi passando, fui sentindo o peso da exclusão, atrasei-me na faculdade…
Desde criança, gostava muito da área acadêmica (livros, documentários, folders), bem como gostava de criar, produzir… Era “diferente”. Mas gostava demais de brincar com outras crianças (!), dividindo o tempo com alguns adultos, com quem gostava muito de conversar sobre temáticas “que não eram pra minha idade”, tais como religião, experiências, saberes de vida.
Destacava-me na escrita, sendo escolhido na escola para participar de reuniões e escrever mensagens (1º Dia de Aula, Despedida de Diretora…). Até uma música de Carnaval fiz para a escola, em 2004. E esse fato serve para ilustrar outro “hobby” meu: criar musiquinhas com nomes de colegas e banalidades do dia a dia. E esse “hobby”, por sua vez, revela, também, meu lado criativo.
Na adolescência, encampava nos meus pensamentos temáticas como dívida externa brasileira, a implantação de uma faculdade em minha cidade (eu entrava em contato com o MEC, pedindo informações, e comecei a pesquisar o processo burocrático para a implantação de uma faculdade). Resguardado em minhas temáticas, sem muitos pares com quem conversar, tinha um grupo restrito de amigos, não era de frequentar festas.
Terminei o Ensino Médio. E acentuou-se a dimensão de minha condição. Ingressei na faculdade, ia para a instituição, mas faltava aulas para ir à biblioteca, com sede de um currículo “próprio”, mas com temas relativas ao curso. Atrasei-me no curso, e veio um drama. Levei anos e anos na faculdade, sendo motivo de chacota por colegas, até abrir uma crise familiar. Desmoronei. Sabia que gostava de estudar, mas o fato de não terminar o curso mostrava para todos alguém irresponsável.
Procurei ajuda. Enviava e-mails para vários profissionais. Nada de efetivo. Após cerca de 05 anos, abandonei a faculdade, ingressando em outra, onde me graduei. Foi um dos momentos mais dolorosos de minha vida tudo isso. Cheguei a procurar o Naahs de meu estado, mas, por ser do interior, o processo de identificação de altas habilidades era inviabilizado.
Com o tempo, por conta de minha formação profissional-pessoal, fui encontrando nomes para o que eu era: altas habilidades (me via em diferentes traços indicativos), sobre-excitabilidade emocional (foi tão libertador quando encontrei um nome para aquilo que sentia)!
Graduado, realizei o sonho de publicar livros (frutos de minhas idas à biblioteca da faculdade), e de cursar psicopedagogia. Já retornei à faculdade que um dia abandonei para ministrar minicursos sobre… Sim, sobre conteúdos que pesquisava na biblioteca quando faltava às aulas, como o latim e sua relação com o ensino de Língua Portuguesa. Como psicopedagogo, tenho as altas habilidades como uma bandeira.