Entrevista: Nuno Silva

Nuno Silva

Nuno Silva


Supereficiente Mental: Ninguém nasce com consciência de sua própria superdotação, contextualize para nós a descoberta da sua.

Nuno Silva: Bom, eu diria que tive a consciencia desta diferença em particular muito cedo. Maioria das crianças na pré primaria não percebiam bem o que eu queria transmitir nem possiuam o mesmo grau de logica e criatividade. No momento em que eu tive a certeza foi no 2º ano quando fui ao aniversario de um colega sobredotado e a minha mãe explicou me esse conceito no caminho para casa dele.

SM: Com seu colega sobredotado, conseguiste desenvolver uma amizade estimulante?

Nuno: Ele estava um ano acima pois avançou um ano. Eu costumava estar com ele mas com o tempo mudamos e hoje não temos contacto. No entanto tenho um numero de amigos sobredotados, um deles sendo o meu melhor amigo. Mas sinto que estas pessoas sejam para mim estimulantes.

SM: Comente um pouco sobre essa sociedade sobredotada com que você convive, há oportunidades de se mobilizarem ou colaborarem juntos em prol de algo maior?

Nuno: Infelizmente não houve grandes oportunidades de se juntarem, por isso costumo estar apenas com um de cada vez. Não é uma sociedade, mas sim amigos que fui adquirindo, muitos deles em escolas que frequentei (falo dos contactos ao vivo).

SM: Quais são suas áreas de alta habilidade?

Nuno: Quase todas as areas intelectuais mas com enfase na memória a longo prazo, criatividade e artes, segundo o teste da WISC destaquei me nas provas verbais como a de vocabulario e de similaridades.

SM: Participaste de alguma iniciativa de apoio aos alto habilidosos? Em caso positivo fale um pouco mais sobre essa experiência, em caso negativo por que não?!

Nuno: Não existem grandes possibilidades de apoio face a sobredotação pelo menos aqui em Portugal. Existe uma faculdade aberta aos sabados de manhã para crianças sobredotadas, na qual eu planeava me inscrever. Num entanto era bastante cara e apenas poderia a frequentar até aos 17 anos.

SM: Fazes uso de algum aconselhamento psicopedagógico? Em caso positivo fale como isso funciona para você.

Nuno: Tenho consultas de psicologia, nas quais me tem vindo a ajudar imenso. De resto apenas aconselhamentos de amigos e familia. Em tempos não tive um bom atendimento por parte de uma pedopsiquitra que negligenciava os meus problemas. No fundo um problema muito grande dos psicologos e psiquitras é o da negligencia face ao contexto, o que é bastante importante para detectar casos portadores de altas habilidades. E felizmente já não passo por esse problema.

SM: Quais são suas perspectivas acadêmicas e profissionais de agora em diante?

Nuno: As minhas perspectivas tem vindo a mudar bastante, não pretendo entrar numa faculdade grandiosa, mas pretendo tirar um douturamento na area do cinema ou da psicologia. Num entanto ao contrario de muitos, não tenho um plano fixo, digamos que estou a atravessar por um periodo de duvidas.

SM: Algum lema motivacional?

Nuno: Não diria um lema, mas uma filosofia de vida: A frase de Einstein sobre a criatividade. “Eu acredito na intuição e na inspiração. A imaginação é mais importante que o conhecimento. O conhecimento é limitado, enquanto a imaginação abraça o mundo inteiro, estimulando o progresso, dando à luz à evolução. Ela é, rigorosamente falando, um fator real na pesquisa científica.” – Albert Einstein. Apesar de não ser minha a frase, guardo a como caminho.

SM: Algum recado pra galera?

Nuno: Gostava tambem de dizer para não ficarem quetos quanto ao preconceito. Nem todo o sobredotado é academico, nós não somos o estipulado e impingido pela sociedade,não somos as vossas marionetas, nem somos todos marrões, e sem nós o mundo seria muito menos evoluido, apesar das suas falhas. Um dia os nossos bullies serão os losers na heroina, e nós seremos CEO’s de grandes empresas, ou revolucionarios da nossa era. De qualquer forma, quero que acordem para o mundo que vivemos, hoje somos os escravos, mas amanhã seremos os verdadeiramente livres. Falo para todos os adolescentes sobredotados que estejam a passar por dificuldades, unidos e fortes, encontraremos o caminho.
Obrigado.

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Sobre Filipe Russo

Filipe Russo é indígena agênere da Associação Multiétnica Wyka Kwara, autore dos romances premiados Caro Jovem Adulto (2012; 2022) e Asfixia (2014), assim como vencedore do concurso artístico O Olhar em Tempos de Quarentena (2020) e de prêmios de excelência acadêmica em Inteligência Artificial, Psicologia, Gamificação, Empatia e Computação Afetiva (2021). Especialista em computação aplicada à educação pelo ICMC-USP (2022), licenciade em matemática pelo IME-USP (2020). Fundadore e editore do website SupereficienteMental.com (2013-), blog com mais de 180 publicações, dentre relatos pessoais, ensaios e entrevistas, sobre neurodiversidade e superdotação ou altas habilidades. Pesquisadore no grupo de estudos TransObjeto associado à PUC-SP e no grupo de pesquisa MatematiQueer associada à UFRJ. Coautore nas antologias poéticas Poesia Política: vote, Outros 500: Não queremos mais o quinhentismo, poETes: altas habilidades com poesia, Fotoescritos do Confinamento e recebeu menção honrosa pelo ensaio Desígnio de um corpo, na 4º edição do projeto Tem Livro Bolando na Mesa. Filipe possui aperfeiçoamento em Altas Habilidades ou Superdotação: Identificação e Atendimento Educacional Especializado pela UFPel e em Serviço de Atendimento Educacional Especializado pela UFSM (2022).
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