Superproteção: Alienação Social

“Imaturidade é a incapacidade de utilizar a própria inteligência sem o direcionamento de um outro.” – já dizia Emmanuel Kant, e de onde e como surge essa incapacidade aprendida chamada Imaturidade Patológica? Educação e cultura domésticas e familiares, a superproteção pode promover a alienação social.

Imaturidade

Imaturidade

Educação e cultura domésticas e familiares durante os anos formativos (até o fim da juventude) configuram a base estrutural através da qual o indivíduo interage com o meio, a superproteção em casa prejudica o afetado cerceando-lhe a liberdade e a exposição aos fenômenos externos sejam estes de natureza cultural, sejam de âmbito social. Bitola-se o próprio filho ou parente numa espécie de doutrinação domestico-familiar e quando se vê há um homem morando numa casa que ele nunca varreu, comendo alimentos que ele nunca cozinhou, usando roupas que ele nunca lavou e a maturidade para questões menos óbvias e ainda mais pertinentes: como fica a perspectiva de mundo desse ser mimado, iludido, imaturo e sem instrumental algum para ver o outro como semelhante e não como mais um servo.

Censura em Casa

Censura em Casa

Às vezes o fenômeno vira de cabeça para baixo e forma-se então uma seita domestico-familiar, portadora axiomaticamente de toda e qualquer verdade, os pais e/ou parentes mais velhos ditam então as verdades absolutas e ninguém ousa questionar tal ditadura, não há espaço portanto para o livre intercâmbio cultural. Ceticismo, divergência intelectual e método científico então nem se fale, nesta casa não entrarás! Quando entra, entra com uma bela dissonância cognitiva, porque o ofício ou trabalho do indivíduo não expressa o íntimo de ninguém, não é mesmo? É só ganha pão, não se traz os princípios trabalhistas, profissionais e éticos para dentro de casa, reina então a hipocrisia do falso moralista que bate palma para o politicamente correto quando está sob o escrutínio da sociedade ao ar livre, mas quando fecha a porta da rua e ninguém de fora do clã lhe tece um olhar de observação faz apenas o que seu narcisismo autofágico ditar.

Publicidade

Sobre Filipe Russo

Filipe Russo é indígena agênere da Associação Multiétnica Wyka Kwara, autore dos romances premiados Caro Jovem Adulto (2012; 2022) e Asfixia (2014), assim como vencedore do concurso artístico O Olhar em Tempos de Quarentena (2020) e de prêmios de excelência acadêmica em Inteligência Artificial, Psicologia, Gamificação, Empatia e Computação Afetiva (2021). Especialista em computação aplicada à educação pelo ICMC-USP (2022), licenciade em matemática pelo IME-USP (2020). Fundadore e editore do website SupereficienteMental.com (2013-), blog com mais de 180 publicações, dentre relatos pessoais, ensaios e entrevistas, sobre neurodiversidade e superdotação ou altas habilidades. Pesquisadore no grupo de estudos TransObjeto associado à PUC-SP e no grupo de pesquisa MatematiQueer associada à UFRJ. Coautore nas antologias poéticas Poesia Política: vote, Outros 500: Não queremos mais o quinhentismo, poETes: altas habilidades com poesia, Fotoescritos do Confinamento e recebeu menção honrosa pelo ensaio Desígnio de um corpo, na 4º edição do projeto Tem Livro Bolando na Mesa. Filipe possui aperfeiçoamento em Altas Habilidades ou Superdotação: Identificação e Atendimento Educacional Especializado pela UFPel e em Serviço de Atendimento Educacional Especializado pela UFSM (2022).
Esse post foi publicado em Superproteção e marcado . Guardar link permanente.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s