Neurodiversidade: Uma postura política

Símbolo da diversidade no espectro autista assim como do movimento neurodiverso como um todo

Símbolo da diversidade no espectro autista assim como do movimento neurodiverso como um todo

O SuperEficiente Mental milita por Direitos Neurodiversos e Deveres Institucionais e não por Privilégios Legais ou Favores Institucionais. Eu, Filipe Russo, assumo uma postura neurodiversa, ou seja, alinhada politicamente ao conceito de neurodiversidade, por neurodiversidade entende-se uma vertente psicológica e psicopedagógica que interpreta o aprendizado, as deficiências e supereficiências de acordo com condições neurológicas distintas, resultantes de variações normais do genoma e desenvolvimento humanos. Tal neologismo se originou no fim dos anos 90 como uma contestação às visões vigentes que caracterizavam a diversidade neurológica como inerentemente patológica, assim se propôs que diferenças neurológicas deveriam ser reconhecidas e respeitadas como uma categoria social similar a gênero, etnicidade, preferência sexual ou condição incapacitante.

Não se reduz a singularidade do indivíduo a apenas um aspecto da sua natureza

Não se reduz a singularidade do indivíduo a apenas um aspecto da sua natureza

A neurodiversidade, um movimento internacional de direitos civis, tem os direitos do autista como seu mais influente submovimento e enquadra o autismo, a bipolaridade e outros neurotipos (superdotação, por exemplo) como variações humanas naturais ao invés de patologias e desordens, e advoga a fim de rejeitar a ideia de que diferenças neurológicas precisam ser (ou podem ser) curadas, pois se acredita que as mesmas são formas autênticas de diversidade humana, autoexpressão e natureza. A neurodiversidade se propõe a promover sistemas de suporte (tais como serviços focados em inclusão, acomodações, comunicações e tecnologias assistivas, treinamento ocupacional e suporte à vida independente) para permitir aos neurodivergentes viver suas vidas como eles são, ao invés de serem coagidos ou forçados a adotar ideias e ideais de normalidade sem o devido senso crítico, ou a se conformar com o ideal clínico.

Os neurodiversos são antes de tudo pessoas e não reféns da estigmatização alheia.

Os neurodiversos são antes de tudo pessoas e não reféns da estigmatização alheia

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Sobre Filipe Russo

Filipe Russo é indígena agênere da Associação Multiétnica Wyka Kwara, autore dos romances premiados Caro Jovem Adulto (2012; 2022) e Asfixia (2014), assim como vencedore do concurso artístico O Olhar em Tempos de Quarentena (2020) e de prêmios de excelência acadêmica em Inteligência Artificial, Psicologia, Gamificação, Empatia e Computação Afetiva (2021). Especialista em computação aplicada à educação pelo ICMC-USP (2022), licenciade em matemática pelo IME-USP (2020). Fundadore e editore do website SupereficienteMental.com (2013-), blog com mais de 180 publicações, dentre relatos pessoais, ensaios e entrevistas, sobre neurodiversidade e superdotação ou altas habilidades. Pesquisadore no grupo de estudos TransObjeto associado à PUC-SP e no grupo de pesquisa MatematiQueer associada à UFRJ. Coautore nas antologias poéticas Poesia Política: vote, Outros 500: Não queremos mais o quinhentismo, poETes: altas habilidades com poesia, Fotoescritos do Confinamento e recebeu menção honrosa pelo ensaio Desígnio de um corpo, na 4º edição do projeto Tem Livro Bolando na Mesa. Filipe possui aperfeiçoamento em Altas Habilidades ou Superdotação: Identificação e Atendimento Educacional Especializado pela UFPel e em Serviço de Atendimento Educacional Especializado pela UFSM (2022).
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4 respostas para Neurodiversidade: Uma postura política

  1. Tatiana disse:

    Bem dito, ser diferente não é doença

  2. Caito disse:

    Parabens Filipe, ja neste artigo refleti sobre o assunto de forma diferente ao que acostumava fazer…refletir diferente é uma passo pra entender de forma mais natural e ampla as questões. E pelas considerações do artigo, corre se o risco dss abordagens nao estarem sendo de forma positiva. Vou ler mais, me embasar melhor. Ótimo q as colocações estão colocadas de forma a criar p debate, nao de cima pra baixo. Parabens

  3. Ana Cláudia Magalhães disse:

    Gratidão Felipe, me sinto neurodiversa e refleti com sua história, que preciso vencer o medo de me mostrar e ser quem sou.

  4. Pingback: 10 Anos: Publicando ensaios, relatos e entrevistas da, para e sobre a comunidade neurodivergente | Supereficiente Mental

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