Descaso: Latifúndios Emocionais

Eu costumava me importar, mas agora eu tomo uma pílula pra isso

Eu costumava me importar, mas agora eu tomo uma pílula pra isso


Vivemos uma vida cada dia mais virtualizada em formigueiros tanto off quanto online, cada noite mais corrida com afazeres cumulativos e progressivamente esmagadores, a dita carreira seja acadêmica, seja profissional devora o nosso tempo e os instantes restantes roemos na esperança de algum apaziguamento pra toda essa ansiedade pós-moderna. Onde fica a valorização e o respeito à singularidade própria e alheia? Já viramos estatística, mais uma cela de excel. Quando poderemos nos dedicar ao desenvolvimento pessoal e à qualidade de vida? Ao fim dessa corrida desenfreada jaz a morte, esbarramos pelo percurso com diversas miragens a nos iludir com o dito sucesso social. Mas há algo muito mais fundamental para o bom convívio e o bem estar, se chama educação empática, a mesma não vigora em sua plenitude e em sua ausência se alastra a hostilização do outro e o autoritarismo.

Psicopatia

Psicopatia


Como solucionar então os trancos e barrancos? Comecemos pois com os gestos de civilidade: obrigado, com licença, por favor e o mais importante de todos: me desculpe. Quatro microfrases de importância salutar inestimável, pois todas servem de conexão emocional entre cidadãos e promovem a maior fluidez entre os mesmos reduzindo portanto o estresse e demais atritos desnecessários, proporcionam assim uma melhor dinâmica de grupo. Para quem estiver se sentido especialmente entusiasmado, solidário e generoso pode partir para os atos de cidadania, ou seja, praticar a bondade não apenas passivamente e sim com uma intenção expressa de melhorar o mundo. Há ainda o ativismo, uma vida dedicada a alguma causa social ou humanitária, tal ápice de dedicação à humanidade cumpre portanto função política seja através de arte, ciência ou comportamento benéfico a si e ao outro. Bem, em suma os latifúndios emocionais retroativamente alimentam a apatia generalizada e sem empatia somos todos psicopatas.

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Sobre Filipe Russo

Filipe Russo é indígena agênere da Associação Multiétnica Wyka Kwara, autore dos romances premiados Caro Jovem Adulto (2012; 2022) e Asfixia (2014), assim como vencedore do concurso artístico O Olhar em Tempos de Quarentena (2020) e de prêmios de excelência acadêmica em Inteligência Artificial, Psicologia, Gamificação, Empatia e Computação Afetiva (2021). Especialista em computação aplicada à educação pelo ICMC-USP (2022), licenciade em matemática pelo IME-USP (2020). Fundadore e editore do website SupereficienteMental.com (2013-), blog com mais de 180 publicações, dentre relatos pessoais, ensaios e entrevistas, sobre neurodiversidade e superdotação ou altas habilidades. Pesquisadore no grupo de estudos TransObjeto associado à PUC-SP e no grupo de pesquisa MatematiQueer associada à UFRJ. Coautore nas antologias poéticas Poesia Política: vote, Outros 500: Não queremos mais o quinhentismo, poETes: altas habilidades com poesia, Fotoescritos do Confinamento e recebeu menção honrosa pelo ensaio Desígnio de um corpo, na 4º edição do projeto Tem Livro Bolando na Mesa. Filipe possui aperfeiçoamento em Altas Habilidades ou Superdotação: Identificação e Atendimento Educacional Especializado pela UFPel e em Serviço de Atendimento Educacional Especializado pela UFSM (2022).
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