O descaso institucional origina, mantem e amplia a evasão escolar de neurodiversos, inclusive a de superdotados. As acomodações raro se fazem presentes e quando o fazem nem sempre vigoram em sua plenitude, falta um real empenho em se empregar medidas corretivas ao descaso em questão. Tal problema apresenta uma raíz pedagógica e psicopedagógica, pois os métodos vigentes e temas selecionados não contemplam os interesses nem o modus operandi individual do estudante, tamanho desalinhamento estigmatiza as próprias instituições educacionais assim como ostraciza o acesso e a produção de conhecimento.
A unidirecionalidade da informação emerge de e fortalece as estruturas de poder verticais e verticalizantes, com base na figura autoritária do professor posteriormente substituída pela do empresário já na vida adulta. Subestima-se portanto o potencial intelectual, a autonomia e a contribuição estudantil no processo de elaboração e transmissão do conteúdo lecionado, ou seja, no intercâmbio cultural propriamente dito. Parte dessa autossabotagem e castração sociais se dá pela infantilização compulsória junto à idealização antisséptica da ingenuidade e inocência infanto-juvenis, amostras explícitas de superproteção estrutural e institucional de caráter inclusive político a proporcionar incapazes por aprendizado, cidadãos sujeitos ao arbítrio governamental e empresarial com o senso crítico atrofiado e prontos para a linha de produção, digo e repito algo que já se tornou bordão aqui pelos ensaios do Supereficiente: o sistema quer pessoas inteligentes o suficiente para operar o maquinário repressor, mas não inteligentes demais a ponto de questionarem as mecânicas de poder.
Agora já num âmbito mais didático, a neuropsicologia do aprendizado muito tem a agregar nas metodologias pedagógicas. No meu ponto de vista leigo arrisco esboçar um norte para a crise da academia: falta dinamismo na veiculação e trato do conteúdo (questão tecnológica ligada à multimídia), liberdade de experimentar e especular quanto ao assunto proposto (sem represálias, apenas bom senso e senso crítico), o professor deve ministrar a aula sendo um guia que fomenta a curiosidade e o questionamento, balanceando e intermediando o debate a fim de não se perder o fio da meada, planificação pela humildade, ensino propulsionado pelo projeto focado ao curriculum ou corpo teórico, maior ludicidade na transmissão e elaboração de conteúdo, maior flexibilidade de carga horária e de prerrequisitos para o acesso a dada matéria, formação de créditos pelo desemparelhamento das matérias na grade curricular, entre outros (faça sua sugestão nos comentários).
Leitura complementar:
Are 20% of high school drop-outs gifted? (estatística na matéria e as pessoas por trás dos números nos comentários)
http://giftedexchange.blogspot.com.br/2008/09/are-20-of-high-school-drop-outs-gifted.html