“O propósito da mídia não é o de informar o que acontece, mas sim de moldar a opinião pública de acordo com a vontade do poder corporativo dominante.” – já dizia Noam Chomsky.
Impossível não ver o mundo pela ótica da sociedade na qual se foi educado, característica cultural desconstruível, mas não escamoteável. Apesar de normal e natural não se deve assumir assim simplesmente a corretude e veracidade dessa lente social, a mesma ser usada pela maioria de nada isenta as parcelas de culpa individual ao se perpetuar pela repetição estruturas excludentes. Todo agir no mundo tende a alguma forma preconcebida de pensar, abrir uma porta, por exemplo, significa repetir o comportamento social observado. Ou seja, entende-se desde cedo as mecânicas de poder pela obtenção do efeito desejado sobre dada situação ao se repetir o comportamento normatizado.
Entretanto há muitas portas no mundo, cada uma com seu próprio código de abertura e nenhuma delas se produziu sem imbuir em sua forma um pensar humano, portanto ao construirmos objetos físicos ou dialógicos estamos transmitindo, perpetuando modos de pensar próprios do indivíduo e de sua carga cultural agregada. Assim como este indivíduo não existe num vácuo pessoal e desconectado do cosmos, seus objetos também clamam por um sujeito suficientemente similar a seu criador para interpretá-los com um viés compatível. Por viés entenderemos uma tendência involuntária a assumir uma explicação preconcebida sobre dado fenômeno antes mesmo ou apesar de se averiguar as causas.
Voltemos-nos por fim à parcialidade, como explicado acima todo agir e portanto pensar vem parcialmente enviesado por alguma tendência, por mais bem intencionada que for uma neutralidade almejada, a mesma apresenta caráter utópico e pouco pragmático, nas mecânicas de poder há sempre repetidores de sinal, emissores de tendências ou formadores de opinião (quando não agentes abertamente apologéticos), com isto em vista qualquer juízo possui valor político e não esqueçamos que se abster, omitir ou fazer vista grossa fortalece a dinâmica vigente, caso seja uma relação de estrutura opressora e corpo oprimido tal silêncio apenas perpetua a injustiça institucional, comunal e normalizada. Podemos entretanto exercer maior autonomia na elaboração e emissão de nossos juízos uma vez que analisemos seu processo constitutivo e as implicações dos mesmos em dado meio social.
E essa ditadura da normalidade afeta o SDs diretamente. Não a lugar pra diferença nesse mundo .-.