E digo descaso para não dizer desserviço, a academídia e sua burrocracia socio-política inviabilizam e invisibilizam o agir neurodiverso no mundo através de pura negligência, quando não de um parecer deslegitimante. Onde estão os estudos a elaborar modelos que efetivamente contemplem a singularidade do superdotado? E quando presentes o que explica a paupérrima visibilidade midiática? E quando enfim se vê alguma notícia no jornal das 8 está sempre se exaltando os estereótipos mais tendenciosos, se oferece uma apresentação vulgar e circense de habilidades mecanizadas. Onde portanto prima os verdadeiros interesses neurodiversos? Espectro que tange mas não se limita às acomodações, alternativas, divulgação científica, espaço para representatividade e protagonismo do sobredotado tanto jovem quanto adulto, assim como políticas públicas e privadas que façam jus à condição cognitiva equivalente, porém diferente vivenciada por nós.
Complexos processos de apagamento ocorrem devido a tanta desconsideração e alienação sociais, já que o alto habilidoso não se vê devidamente representado nos discursos acadêmicos e políticos. Quantas organizações se dão ao trabalho de agregar, fomentar e desenvolver o potencial neurodiverso? E de superdotados adultos então?! Fazemos dezoito anos e a sociedade automaticamente nos lança num limbo do: se você não fez sua estréia meteórica até agora não merece mais lugar ao sol no rol dos gênios, aliás exigir genialidade de nós é de uma extrema antipatia, falta de compaixão e deslealdade intelectual. Poucas leis contemplam os direitos dos neurodiversos, os do superdotado em especial, e raramente as mesmas vigoram em sua plenitude. Portanto na prática uma parcela populacional vê sua cidadania refém da boa vontade alheia e em último caso expõe seus obstrutores às medidas legais cabíveis, ou seja, implanta-se resistência e obstáculos ao sucesso neurodiverso.